A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em parceria com a fabricante brasileira de aviões Embraer realizarão um estudo mais detalhado sobre a possibilidade de o 5G, que é a quinta geração de telefonia móvel, interferir nos sistemas de navegação de aviões do Brasil.
Isso porque há uma suspeita de que seria possível uma interferência do sinal do 5G nos sistemas de aproximação das aeronaves de aeroportos, ocasionando uma perda de segurança das operações e aterrissagens guiadas por aparelhos.
A preocupação maior está nos altímetros que operam por rádio nas aeronaves e que também usam frequências próximas às usadas pelo 5G. Os equipamentos calculam a distância do avião em relação ao solo, utilizados ainda mais em operações de pouso por instrumentos, que é quando o piloto não tem visibilidade total da pista.
A suspeita de interferência do 5G nos altímetros ocorreria na faixa de 3,5 GHz, já considerada a principal para a operação comercial da nova tecnologia, prometendo uma internet móvel mais veloz que a do atual 4G, a chamada de Banda C.
O risco foi evidenciado nos EUA, através de dúvidas levantadas por companhias aéreas e fabricantes de aviões. O estudo será necessário pela diferença entre o Brasil e o país norte-americano. Sendo assim, para eles, a suposta interferência teria maior chance de acontecer por causa da largura da faixa adotada para a Banda C do 5G, indo até 3,98 GHz.
Enquanto no Brasil, as operadoras possuem permissão de operar apenas até a faixa de 3,7 GHz, ou seja, com uma faixa de segurança maior e podendo reduzir os riscos de interferência nas aeronaves. “Esse maior distanciamento em frequência no Brasil, chamado de banda de guarda, acarreta melhores condições para a convivência e menor risco de interferências no território brasileiro”, explicou Moisés Moreira, conselheiro da Anatel e presidente do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência.
Para os testes supervisionados pelos técnicos da Anatel ao longo de 2022, a Embraer vai disponibilizar aviões e pistas de pouso. Até o momento, ainda não há data definida para o início das avaliações, apenas que fontes dizem que devem começar “nas próximas semanas”. A análise final depende da evolução dos dados coletados e, por isso, a Anatel não deu nenhuma previsão sobre quando terão os primeiros resultados.
Os estudos não devem interferir no cronograma de implementação das redes móveis de 5G no país, previsto para para começar até o fim do primeiro semestre de 2022.
Fonte: O Globo