As fake news são um dos grandes males da atualidade. O compartilhamento das notícias falsas gera uma série de fatores que podem colocar, inclusive, vidas em risco. É o que explica a doutoranda em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Cândida Nobre. Segundo ela, a questão vai muito além do contexto político.
“Hoje em dia tem uma tendência a pensar que as fake news estão associadas a um contexto político, ou a respeito de uma pessoa específica. Já houve casos no mundo de informações falsas compartilhadas em grupos em que pessoas partiram para fazer justiça com a própria mãos. Isso coloca vidas em risco devido a uma informação que não procede. Há esse risco imediato. Há também os riscos indiretos, que apesar de a gente não vê o resultado de forma tão imediata, trazem um nível de desinformação social que pode ser prejudicial para a sociedade”, explicou.
A professora explicou ainda que há uma batalha constante para tentar resolver o problema das fake news. Porém, ela aponta que não existe uma solução fácil e apontou alguns caminhos que podem ajudar no combate à disseminação de notícias falsas.
“É preciso que as empresas em que a gente dissemina informações, como Facebook e outras, desenvolvam estratégias de determinados conjuntos de regras para tentar de alguma forma regulamentar estas informações que circulam. Mas do ponto de vista individual, eu não vejo outra saída que não seja a alfabetização digital. As pessoas não estão interessadas em perceber qual informação é verdadeira”, disse.
População precisa tomar cuidado
A professora também alertou que é importante a participação da população no combate às fake news. Segundo ela, é necessário que se entenda e aceite o contraditório e não tome para si apenas suas próprias “verdades”.
“É este momento de pensar que a gente não pode consumir informação unicamente naquilo que a gente gostaria que fosse a verdade. Mas que a gente tentasse perceber o contraditório. Não apenas compartilhar o que nós concordamos”, disse.
Ela ressaltou também que em muitos casos, o usuário da internet não tem noção do que se pode ser feito em um determinado conteúdo, como uma alteração em uma foto, por exemplo. Por isto ela ressalta a importância da chamada alfabetização digital.
“[É importante] a questão da alfabetização, porque as pessoas não têm o domínio do que pode ser feito através do mundo digital. As pessoas muitas vezes não sabem que isto é passível de ser manipulado, como uma foto, por exemplo. É necessário você entender que estes processos são viáveis e possíveis talvez isto despertasse uma maior desconfiança das pessoas”, finalizou.
Portal Correio