Uma pesquisa desenvolvida pela UFPB descobriu que fumar causa também problemas na visão. Conforme pesquisa realizada pelo Laboratório de Percepção, Neurociência Cognitiva e Comportamento (LPNeC), um fumante que costuma usar 20 cigarros enxerga 1,5 menos vezes os padrões e contraste das cores, em comparação a adultos não-fumantes ou que fumam menos cigarros.
Ainda de acordo com a pesquisa, a perda total dessas capacidades pode ocorrer quando o consumo é prolongado, durante muitos anos, e em grande quantidade. “Concluímos que os componentes do cigarro podem afetar os vasos sanguíneos, o que culminaria nesse prejuízo”, explica Natália Almeida, que conduziu a pesquisa com o doutorando Thiago Fernandes e o professor Natanael Santos.
Natália Almeida conta que a pesquisa teve início em 2016 e os primeiros resultados foram surgindo em 2017. A partir disso, os pesquisadores da UFPB deram continuidade à pesquisa e buscaram parcerias, além da colaboração de mais pesquisadores. O estudo conta, por exemplo, com a parceria com especialistas da Rutgers University, nos Estados Unidos.
Conforme a pesquisadora, as alterações na visão dos fumantes são percebidas por meio de ferramentas não invasivas da avaliação da retina e vias visuais. “A gente investiga através dos nossos testes servem como possíveis marcadores para perdas ou problemas futuros. os prejuízos nos contrastes (seja pra luminância ou cores) podem indicar que estas são a níveis óticos (apenas a nível de retina, cones e bastonetes) ou até mesmo neurais (a nível de transmissão de sinais químicos, ou alterações no cérebro)”, conta.
Natália Almeida, que é mestranda do programa de pós-graduação em Psicologia Social, comenta que cientificamente já foi confirmado que o tabagismo causa problemas como catarata, degeneração macular, neurite, mas a pesquisa queria saber se existiam mudanças prévias, ou sutis, antes de aparecerem esses problemas.
“É através disso que nossos testes servem também como boas ferramentas clínicas e são bem utilizadas aqui no Brasil e em outros países”, comentou a pesquisadora. A conclusão da pesquisa ainda foi de que quanto mais cigarros usados e maior o tempo de uso, maiores são os prejuízos.
“Observamos também que adultos mais velhos (> 35 anos) apresentam um prejuízo maior do que adultos jovens (< 35 anos). Não observamos diferenças entre homens e mulheres ou influência de outro fatores como IMC. Mas sabemos que uma boa qualidade de vida e pratica de exercício físico pode servir como fator protetivo para as perdas”, explicou.
A pesquisa agora tende a investigar também os efeitos de diferentes quantidades de nicotina absorvidas por pessoas não fumantes.
G1 PB