Governo da Paraíba anuncia a intenção de acabar com troca de ingressos no Gol de Placa

Após um ano de muitas polêmicas com o Gol de Placa, com clubes supostamente fraudando o programa do Governo do Estado que patrocina o futebol paraibano, o secretário de Juventude, Esporte e Lazer, Hervázio Bezerra, anunciou uma possível mudança. A intenção é que a partir do próximo ano não haja mais troca de ingressos. A ideia do Governo é fazer com que o Gol de Placa volte ao modelo antigo, da época da gestão do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), onde os recursos eram repassados diretamente aos clubes, sem troca de ingressos.

A confirmação da possível mudança – que só pode ser oficializada após uma modificação na atual legislação, portanto após discussão e aprovação na Assembleia Legislativa da Paraíba – foi anunciada na ocasião do aniversário do Botafogo-PB, que foi comemorado no último domingo, na Maravilha do Contorno. De acordo com Hervázio Bezerra, esse foi um pedido do Governador João Azevêdo (PSB).

– Teremos para 2020 a retomada do Gol de Placa em um novo formato. Foi essa a ordem de João Azevêdo. Não vai ser mais necessária a troca de ingressos, que causou todo esse constrangimento para os clubes. O dinheiro vai ser repassado integralmente sem uma necessidade de prestação de contas – comentou o auxiliar de governo em entrevista à TV Belo, canal oficial do clube.

Em janeiro deste ano, a Folha de São Paulo denunciou em sua plataforma online algumas fraudes de clubes paraibanos em notas fiscais utilizadas para a troca por ingressos através do programa Gol de Placa. De acordo com a reportagem, algumas dessas notas eram no nome de pessoas que sequer pisaram na Paraíba.

De acordo com documentos da Secretaria de Juventude Esporte e Lazer (Sejel), notas fiscais registradas com CPFs de advogados de Santa Catarina e beneficiários de programas sociais que não moram na Paraíba foram trocadas por ingressos para o jogo Nacional de Patos 2 x 1 CSP, em Patos, pela primeira rodada do Campeonato Paraibano, no dia 12 de janeiro deste ano.

Ainda conforme a Folha, todas as notas trocadas por bilhetes na partida foram oriundas de um mesmo estabelecimento: um posto de gasolina em João Pessoa, a 300km de Patos.

O GloboEsporte.com constatou também que os times negligenciaram sistematicamente a divulgação dos dias e horários de trocas dos ingressos ao seus torcedores, o que fere as leis que dispõem sobre o Gol de Placa. A equipe de reportagem checou como os clubes atuaram nesse sentido ao longo da temporada 2018 e constatou que um deles chegou, até, a realizar um jogo com entrada franca, o que é vedado pelo Regulamento Geral de Competições da CBF.

Segundo um torcedor, o CSP lhe deu uma entrada do Gol de Placa, em 2018, sem haver a contrapartida da entrega da nota fiscal, que é base da legislação que contempla o programa, que, além de fomentar a presença da torcida nos estádios do estado, busca também incentivar a população a pedir a nota fiscal nos estabelecimentos.

No dia 28 de janeiro, o Gol de Placa foi suspenso pelo Governo do Estado, após as denúncias de fraudes. Durante todo este ano, nenhum clube recebeu recursos oriundos do programa, o que até hoje vem gerando reclamação por parte dos dirigentes.

O Gol de Placa é um programa governamental estabelecido em lei que foi criado em 2008 pela gestão do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB). Na época, consistia em fazer repasses diretos para os clubes em uma espécie de patrocínio, assim como pensa em fazer a gestão de João Azevêdo.

Desde 2013, na gestão do ex-governador Ricardo Coutinho, a lei foi alterada para que o programa passasse a ter uma contrapartida social, incluindo a população. Foi aí que o Gol de Placa passou a ser uma forma mais barata de as pessoas irem ao estádio, trocando notas fiscais por ingressos em jogos dos times profissionais paraibanos.

Em 2019, o Governo do Estado havia destinado ao Gol de Placa cerca de R$ 4 milhões, divididos, de acordo com a legislação, pelas 10 equipes que disputam a 1ª divisão do Campeonato Paraibano. Os recursos, no entanto, não entraram nos cofres dos clubes ainda.

ge