A asfixia é a principal causa de lesões em crianças, e, às vezes, pode ser fatal, especialmente até os quatro anos de idade. Um estudo, publicado no Pediatrics, apontou os principais alimentos relacionados à asfixia infantil.
As balas duras representam o maior risco. Para realizar o estudo, os pesquisadores do Hospital Nacional Infantil em Columbus, Ohio, analisaram informações de um banco de dados nacional de visitas ao departamento de emergência, com foco em atendimentos por asfixia, envolvendo alimentos que não resultaram em morte.
Para isso, foram avaliados os dados dos atendimentos a mais de 16.100 crianças com idades entre 0-14 anos, que passaram pelas salas de emergência, entre 2001 e 2009, porque haviam engasgado com algum alimento. No geral, cerca de 112 mil crianças estiveram na emergência por asfixia relacionada com a alimentação durante o estudo de oito anos, uma média de 12.400 por ano.
Segundo a pesquisa, por volta de 15% de todos os atendimentos de emergência relacionados com as crianças engasgadas estavam ligados à ingestão de balas duras. A lista dos outros alimentos que levaram as crianças para a sala de emergência incluem os seguintes alimentos:
• Outros doces: 13.324 visitas (12,8%);
• Carnes, exceto cachorros-quentes: 12.671 visitas (12,2%);
• Ossos: 12496 Visitas (12%);
• Frutas e legumes: 10.075 visitas (9,7%);
• Fórmula, leite ou leite materno: 6.985 visitas (6,7%);
• Sementes e nozes: 6.771 visitas (6,5%);
• Chips, pretzels ou pipoca: 4.826 visitas (4,6%);
• Biscoitos, cookies ou bolachas: 3.189 visitas (3,1%);
• Cachorros-quentes: 2.660 visitas (2,6%);
• Pães ou bolos: 2.385 visitas (2,3%);
• Batatas fritas: 874 visitas (0,8%)
A maioria das crianças que chegou à sala de emergência porque estava engasgada com comida foi tratada e liberada, mas cerca de 10% precisou ser hospitalizada. Crianças que se engasgaram com cachorros-quentes, sementes ou nozes eram mais propensas a necessitar de hospitalização do que aquelas que se engasgaram com outros alimentos. A idade média das crianças tratadas de asfixia não-letal por comida era de 4,5 anos, e mais da metade eram meninos.
“As crianças pequenas podem não ter os dentes necessários para moer alimentos adequadamente, podem ainda estar aprendendo a mastigar e, pelo seu alto nível de atividade, ficam mais propensas a esses engasgos”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
“Os alimentos que podem representar um maior risco de asfixia para crianças incluem aqueles que são semelhantes ao formato das suas vias aéreas (como cachorro-quente), aqueles que são difíceis de mastigar (algumas frutas e vegetais crus) ou aqueles que são consumidos por um punhado (tais como sementes e nozes), que podem ser demais para uma criança mastigar”, informa o pediatra.
A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que crianças com idades entre 0 e 5 anos não devem comer balas ou mascar chicletes e que as frutas e vegetais crus devem ser cortados em pedaços pequenos.
“Crianças devem ser sempre supervisionadas ao comer, e nunca devem correr, caminhar, jogar ou deitar-se com a comida na boca, recomenda a AAP. Os pais e cuidadores devem estar familiarizados com as técnicas para resgatar seus filhos se a asfixia ocorrer”, diz Moises Chencinski, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Em linha com as recomendações da Academia Americana de Pediatria, os autores do estudo propõem implementar um melhor acompanhamento desses incidentes relacionados aos alimentos, colocando etiquetas de advertência nos que apresentam um risco elevado para esse tipo de acidente, além de desenvolver campanhas de sensibilização do público para educar os pais sobre o perigo de asfixia por alimentos entre as crianças.
Portal Correio