O Google anunciou na segunda-feira (22) uma mudança de planos quanto a sua promessa de anos de remover cookies de terceiros do Chrome, seu navegador. Segundo a empresa, os pacotes de código destinados a rastrear usuários na internet permanecerão devido a preocupações com anunciantes.
Por que o Google não vai mais remover os cookies?
- A reversão ocorre após preocupações dos anunciantes — a maior fonte de renda da empresa — de que a perda de cookies no navegador mais popular do mundo limitaria sua capacidade de coletar informações;
- Isso significaria limitar também a personalização de anúncios, tornando-os dependentes dos bancos de dados de usuários do Google;
- A Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido também analisou o plano do Google devido a preocupações de que ele impediria a concorrência na publicidade digital;
- Como alternativa, o Google refinará então as escolhas dos usuários para a navegação na web.
Em vez de descontinuar cookies de terceiros, introduziríamos uma nova experiência no Chrome que permitiria às pessoas fazerem uma escolha informada que se aplicasse à navegação na web, e elas poderiam ajustar essa escolha a qualquer momento.
Anthony Chavez, vice-presidente da iniciativa Privacy Sandbox apoiada pelo Google, em comunicado.
Conforme lembrou a Reuters, a Alphabet, dona do Google, vem trabalhando na iniciativa Privacy Sandbox desde 2019. O projeto visa aprimorar a privacidade on-line e, ao mesmo tempo, dar suporte a negócios digitais, tendo como objetivo principal a eliminação gradual de cookies de terceiros.
O Google acrescentou que continuará trabalhando com reguladores do Reino Unido, bem como editoras e grupos de privacidade, na nova abordagem. A empresa também seguirá com o programa Privacy Sandbox, embora não tenha dado detalhes.
O que são cookies?
Cookies são pacotes de informações em códigos que permitem que sites e anunciantes identifiquem internautas individuais e rastreiem seus hábitos de navegação, colaborando muito para o setor de publicidade para indicar a cada usuário um anúncio específico para aquela persona.
Contudo, além de usuários reclamarem bastante da prática, que por vezes abarrota a navegação de anúncios, essas informações em códigos também podem ser usadas para vigilância indesejada.
Para Lena Cohen, tecnóloga de equipe da Electronic Frontier Foundation, os cookies podem levar a danos ao consumidor, por exemplo, anúncios predatórios que visam grupos vulneráveis.
A decisão do Google de continuar permitindo cookies de terceiros, apesar de outros navegadores importantes os bloquearem por anos, é uma consequência direta de seu modelo de negócios orientado a publicidade.
Lena Cohen, tecnóloga de equipe da Electronic Frontier Foundation, em declaração.