Pesquisadores de São Paulo e do Ceará, em parceria com a Universidade de Hong Kong, na China, identificaram um novo coronavírus em morcegos no Brasil. Ele foi detectado em animais coletados em Fortaleza.
Segundo a equipe, esta é a primeira vez que um vírus relacionado ao causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) é encontrado na América dos Sul. Ainda não é possível afirmar se o patógeno pode infectar humanos.
Cientistas querem descobrir qual a capacidade de transmissão do vírus
No total, os pesquisadores identificaram sete coronavírus em amostras de cinco morcegos coletadas pelo Laboratório Central de Saúde do Ceará (Lacen), em Fortaleza. Isso evidencia a grande diversidade genética desses vírus.
Os animais pertenciam a duas espécies diferentes: Molossus molossus e Artibeus lituratus. Estas criaturas são consideradas importantes reservatórios de vírus e os cientistas destacam que o monitoramento permite antecipar potenciais riscos de transmissão.

Os pesquisadores brasileiros identificaram uma sequência genética com 71,9% de similaridade em relação ao genoma do MERS-CoV. O gene que codifica a proteína spike apresentou 71,74% de identidade com a spike do MERS-CoV isolado de humanos na Arábia Saudita em 2015.
Agora, testes em laboratório serão realizados para determinar o potencial de transmissão dos novos vírus. Em outras palavras, os cientistas querem descobrir se eles podem contaminar outros animais e até mesmo para os humanos.

Risco de nova pandemia?
- O vírus MERS foi registrado pela primeira vez em 2012, na Arábia Saudita.
- Ele já provocou mais de 800 mortes, com casos relatados em 27 países.
- No entanto, esta é a primeira vez que o patógeno (ou algo semelhante a ele) é encontrado na América do Sul.
- Embora apresente algumas características semelhantes à Covid-19, o vírus não é considerado de alto risco para a população mundial, tendo chances pequenas de evoluir para uma pandemia.
- A descoberta foi relatada em estudo publicado no Journal of Medical Virology.
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