Há pouco mais de cinco meses os principais personagens do futebol paraibano estão grampeados. Com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, diversos dirigentes falaram abertamente de um esquema de corrupção sem precedentes. Compra de juízes para manipular resultados (com a intermediação da Comissão de Arbitragem), favorecimentos explícitos e muito dinheiro sujo envolvido nas transações.
O Fantástico deste domingo vai apresentar uma reportagem assinada por Maurício Ferraz, que teve acesso a todos os documentos e escutas telefônicas. Nela, o torcedor poderá ter uma noção do que rola nos bastidores do futebol paraibano.
– O Fantástico vai mostrar uma reportagem especial. Vamos falar desse esquema de manipulação de resultados do futebol paraibano. Nossa esquipe teve acesso a todos os detalhes da investigação, inclusive das escutas telefônicas – revelou Maurício Ferraz.
Um dos áudios é do vice-presidente do Botafogo-PB, Breno Morais, numa conversa com um assistente antes da partida Nacional de Patos x CSP, vencida pelo Tigre por 2 a 0 – e acabou sendo determinante para que o Belo terminasse na segunda colocação na primeira fase e tendo vantagem na fase de grupos.
“Uma bola que o cara raspou a perna no meu jogador dentro da área é pênalti. É isso que precisa, mas para fazer só o que o time faz e depois buscar o dinheiro… Não dá, né filho? É falta de cuidado, falta de gostar de receber alguma coisa né?”
De acordo com a reportagem de Maurício Ferraz, são mais de 100 mil conversas gravadas, 115 telefones monitorados e 85 pessoas investigadas na operação.
A reportagem também vai mostrar um esquema criminoso da arbitragem, que chega até a CBF e envolve alguns dos principais árbitros da Paraíba e que fazem parte do quadro nacional.
Operação foi deflagrada há um mês
A operação policia que investiga o esquema de corrupção e de manipulação de resultados do futebol paraibano foi deflagrada no dia 9 de abril, uma dia depois da final do Campeonato Paraibano entre Botafogo-PB x Campinense. A Polícia Civil cumpriu 39 mandados de busca e apreensão nas cidades de João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Campina Grande e Cajazeiras. As sedes da FPF, do TJDF-PB, do Botafogo-PB, do Campinense e do Treze e de outros clubes, residências de dirigentes de clubes, da FPF, da Ceaf-PB, além das casas de alguns árbitros do estado também foram alvo da polícia.
Na última quarta-feira, a juíza Andréa Galdino, da 4ª Vara Criminal de João Pessoa, autorizou a retirada do sigilo das escutas telefônicas juntadas ao inquérito policial para os investigados e partes interessadas. Foi o ponto de partida para a reportagem do Fantástico ter acesso a todo o processo, e que vai ser mostrado na reportagem deste domingo.
O Ministério Público e a Polícia Civil apuram supostos crimes cometidos por uma possível organização criminosa composta por membros da Federação Paraibana de Futebol (FPF), da Comissão Estadual de Arbitragem da Paraíba (Ceaf-PB), do Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB) e por dirigentes de clubes de futebol profissional da Paraíba.