Com os avanços da inteligência artificial, o número de golpes que usam deepfakes – aqueles vídeos falsos que utilizam imagens de celebridades e políticos – cresce rapidamente.
Anúncios feitos no Facebook, alerta o The New York Times, chegaram a utilizar imagens de Karoline Leavitt, a secretária de imprensa da Casa Branca, dizendo que os americanos poderiam solicitar um cheque de US$ 5 mil de auxílio. Ao clicar no anúncio, os usuários eram levados para um site chamado Get Covered Today.

Facebook lucra com anúncios falsos
Mas o caso não foi o único. Recentemente, Gisele Bündchen apareceu em uma propaganda falsa anunciando um produto de beleza, e até os senadores dos Estados Unidos, Bernie Sanders e Elizabeth Warren, foram utilizados em anúncios semelhantes.
De acordo com a ONG Tech Transparency Project, esses anúncios são patrocinados por empresas que estão entre os principais anunciantes do Facebook. O problema é que essas peças falsas são responsáveis por uma grande parcela do lucro da plataforma, o que fez com que a Meta fechasse os olhos para esse tipo de fraude.
A Meta está muito ciente desses tipos de golpe. Eles simplesmente não se importam.
Katie A. Paul, diretora do Tech Transparency Project, em entrevista ao New York Times.
150 mil anúncios falsos chegaram aos usuários

No relatório a ONG identificou:
- 63 anunciantes que utilizaram práticas enganosas ou fraudulentas em anúncios.
- Esses anunciantes compraram cerca de 150 mil anúncios falsos.
- O investimento total chegou a US$ 49 milhões (R$ 260 milhões) nos últimos sete anos.
- Parte dos anúncios continua no ar, mesmo violando as políticas do Facebook.
A única coisa pior do que esses vídeos deepfakes de IA […] é o fato de que a Meta ganha dezenas de milhões de dólares com esses anúncios fraudulentos.
Elizabeth Warren, senadora Democrata por Massachusetts, ao New York Times.
Facebook proíbe publicidade falsa
De acordo com a política de conteúdo do Facebook, “práticas enganosas ou ilusórias identificadas, incluindo golpes para tirar dinheiro de pessoas ou acessar informações pessoais” são proibidas na plataforma, com regras explícitas em relação ao uso de falsificações de identidade, como no caso da senadora.
Em resposta ao relatório do Tech Transparency Project, a Meta afirmou investir “na construção de novas defesas técnicas”, mas reconheceu que os golpistas estão constantemente desenvolvendo “táticas para evitar a detecção”.

No entanto, a empresa afirmou no ano passado “não ter o dever para com os usuários” de evitar que conteúdo fraudulento continue livre em suas plataformas. Exatamente por isso, a Meta está enfrentando pressões devido ao aumento das fraudes online.
O governo de Singapura exige que a empresa reprima anúncios fraudulentos sob o risco de aplicar uma multa inicial de US$ 770 mil (R$ 4,1 milhão), com aumento diário se a Meta não cumprir a ordem.
Pesquisadores do Tech Transparency Project afirmam que a Meta poderia “fazer mais para limitar anúncios e ser mais transparente sobre a aplicação de suas próprias regras”. Em vez disso, a empresa reduziu esforços para moderar conteúdo político e diminuiu equipes que trabalham com a segurança da plataforma.
Olhar Digital