A greve dos caminhoneiros afetou o estoque de bancos de sangue pelo Brasil. Apesar de ainda não haver um balanço oficial do Ministério da Saúde, secretarias estaduais reclamam do desabastecimento dos estoques sanguíneos e fazem um apelo a pessoas que moram em locais próximos a hemocentros e que atendam aos requisitos estabelecidos, que se dirijam às entidades para realizar doações.
A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo informa que está convocando doadores, visando abastecer os estoques de sangue para a realização de procedimentos de urgência, emergência e cirurgias.
A doação também é fundamental para manter o estoque de plaquetas, ajudando no controle de sangramentos, que são usadas em tratamentos médicos, como adjuvante na quimioterapia.
De acordo com a Fundação Pró-Sangue, entidade ligada à Secretaria do Estado e ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de São Paulo, estão recebendo apenas 42% da média diária de doadores de sangue. Os estoques de sangue foram afetados, mas a contribuição da população está ajudando a normalizar a situação.
Na último boletim da fundação divulgado nesta segunda-feira (28), o tipo O positivo está em estado crítico. Os tipos O e B negativo e o tipo A positivo estão em estado de emergência, garantindo o abastecimento de um dia. A Fundação Pró-Sangue ressalta pedido de doação de todos os tipos sanguíneos.
A rede Pró-Sangue informou que o tipo sanguíneo O positivo é o mais procurado, sendo doador universal entre os tipos sanguíneos positivos.
Normalmente, o estoque conta com 414 bolsas desse tipo de sangue. Porém, no momento, o número de bolsas está abaixo de um terço do necessário, totalizando 70, segundo o órgão.
Já o tipo sanguíneo O negativo é o segundo mais procurado por ser doador universal de todos os tipos de sangue. O estoque ideal desse tipo sanguíneo é de 66 bolsas, mas a fundação conta apenas com metade desse número, entrando em estado crítico.
Segundo a rede Pró-Sangue, houve uma suspensão nos atendimentos de distribuição dos fluídos devido à baixa no estoque, que está praticamente “seco”.
O órgão dispõe de cinco postos de coleta e atende a 100 hospitais.
O Rio de Janeiro faz o mesmo apelo, solicitando às pessoas que morem próximas a hemocentros e que estejam aptas a contribuir, que se dirijam para uma das unidades do Hemorio e façam a doação de sangue.
A Hemorio, principal entidade de coleta de sangue para doação no estado do Rio de Janeiro, afirma que o estoque de plaquetas já se esgotou e possui maior carência do tipo O positivo. Todos os outros tipos sanguíneos também estão em falta no abastecimento. A entidade afirma que esse resultado se dá pela dificuldade de acesso dos doadores em decorrência da greve dos caminhoneiros.
O Ministério da Saúde e as secretarias contatadas alegam que a doação de leite materno e o abastecimento das unidades de saúde que realizam diálise não foram afetadas.
Doador não pode ter doenças
Para doar sangue, é preciso ter entre 18 e 60 anos, pesar, no mínimo, 51 kg, ser saudável (não apresentar nenhuma doença) e estar descansado (ter dormido ao menos seis horas).
Não podem ser doadoras pessoas que tenham doenças em geral, tenham ficado gripadas ou com febre nos últimos sete dias, tenham sido submetidas a cirurgia ou parto há seis meses, anêmicos, possíveis portadores de doenças transmissíveis pelo sangue, portadores de HIV, tenham feito uso de drogas ilícitas injetáveis, tenham feito tatuagem no último ano e tenham ingerido bebidas alcoólicas nas últimas 12 horas ou alimentos gordurosos nas últimas 24 horas.
Os intervalos de doação devem ser respeitados, sendo 60 dias para homens para a próxima doação – podendo fazer, anualmente, no máximo, quatro doações – e 90 dias para mulheres – podendo fazer três doações anuais.
A cada coleta, são extraídos 450 ml de sangue, sendo armazenados em uma bolsa de uso único e estéril.
R7