Sob observação atenta e um olhar de legitimação à Assembleia Geral Extraordinária que aconteceu na tarde desta segunda-feira em João Pessoa, o secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Walter Feldman, viu 12 clubes votarem “sim” pela destituição de Nosman Barreiro da presidência da Federação Paraibana de Futebol (FPF). Dos 20 clubes que estiveram presentes à reunião, apenas 16 filiados votaram, com três abstenções e apenas um voto favorável à permanência de Nosman à frente da FPF. Nenhum representante de Treze, Campinense ou Botafogo-PB foi à reunião.
A Assembleia Geral foi presidida pela presidenta do Sport Campina, Khésia Suile. O secretário da mesa foi o mandatário do Auto Esporte, Watteu Rodrigues. Ambos votaram a favor do impeachment de Nosman. Além deles, apenas mais três dirigentes de equipes profissionais votaram nas pautas do dia: Tassiano Gadelha, do Internacional-PB, José Moraes, do Spartax, e Severino Ferreira, do Femar.
O primeiro se absteve na votação, enquanto que os outros dois votaram pela retirada de Nosman da presidência. Representantes de Serrano-PB, Perilima, Queimadense e São Paulo Crystal assinaram a lista de presença, mas na hora das deliberações não estavam no auditório onde aconteceu o encontro.
A maior parte dos clubes presentes à assembleia alegam que Nosman Barreiro cometeu fraudes quando era o vice-presidente da FPF. A destituição é fundamentada em virtude dessas denúncias, em que alguns clubes acusam o dirigente de falsificar assinaturas em um requerimento de prestação de contas da entidade e de desvio de recursos de taxas referentes à 2ª divisão do Campeonato Paraibano de 2015.
Representando a CBF, o secretário-geral da entidade que gere o futebol nacional ouviu apelos de todos os lados. Acompanhou, calmo, também diversos bate-bocas entre correligionários e opositores de Nosman Barreiro. Antes das votações, Feldman fez seu discurso, lembrou das críticas que o atual presidente da FPF fez contra a CBF e revelou que a entidade nacional enxerga com legitimidade o encontro e a decisão dos clubes.
– A gente fez com muita dor, podem ter certeza, aquela intervenção na Federação Paraibana de Futebol. Trouxemos para cá o doutor Flávio Boson para que fizesse um relatório de tudo que estava acontecendo. E definimos que isso seria feito o mais rápido possível. Poderíamos estender e resolvemos não fazer isso. O presidente Nosman assumiu e isso é legítimo, afinal ele era o vice-presidente. Mas também é legítima essa reunião aberta dos clubes. A defesa do Nosman pode recorrer, se assim achar necessário. Mas essa é uma reunião dos clubes da Paraíba – analisou o dirigente.
Além da destituição de Nosman, a Assembleia Geral definiu que uma Junta Administrativa composta por dois nomes assume a entidade. Foram eleitos como integrantes da junta, Arthur Ferreira e Eduardo Faustino. Este último participou de uma Junta Governativa também da entidade, em 2014, quando Rosilene Gomes foi afastada da presidência da FPF pela Justiça da Paraíba.
Quem também esteve presente no encontro foram vários aliados de Nosman Barreiro, além de seus assessores jurídicos. De acordo com um dos seus advogados, Benedito Vasconcelos, que por muitas vezes tentou intervir no andamento da assembleia, a reunião passa por cima do estatuto da entidade e não tem efeito legal. Segundo ele, a convocação foi realizada pelo presidente do Conselho Fiscal, Marcílio Braz, que também esteve presente.
– Está no estatuto que apenas o presidente pode convocar a Assembleia Geral. O presidente do Conselho Fiscal não é detentor, conforme norma estatutária, de prerrogativa de função para convocar assembleia, usando o nome da FPF – explicou.
Agora, Nosman Barreiro vai ser notificado da decisão ainda nesta semana e, de acordo com os clubes, deve sair do cargo. O próprio Nosman, no entanto, já havia criado uma resolução que explicava que quaisquer deliberações desta reunião não seriam reconhecidas pela presidência da FPF.
Fonte. GE