Ela já foi bailarina de Anitta, Iza e Rebecca. Agora, Makayla Sabino tem a missão de substituir Brunna Gonçalves, participante do “BBB 22” no balé de Ludmilla, enquanto a mulher da cantora estiver confinada. A dançarina transexual estreou na equipe da cantora no último fim de semana, no show que Lud fez em São Paulo.
Feliz da vida, Makayla fez um post agradecendo à nova patroa. “Obrigado, Ludmilla, pela oportunidade de estar nessa caminhada com vocês”, escreveu ela no Instagram.
Moradora do Complexo do Alemão, famosa comunidade do Rio, Makayla tem 22 anos e ganhou fama ao dançar com Anitta no Rock in Rio, em 2019. Ela também integrou o balé de Iza no último prêmio Multishow.
A dançarina criou no ano passado uma vaquinha virtual para tentar arrecadar dinheiro e realizar o sonho de fazer a cirurgia de redesignação sexual. Até agora, conseguiu R$ 13.900 dos R$ 60 mil que pretende arrecadar para custear o tratamento.
Em 2019, Makayla conseguiu mudar de nome e gênero nos documentos, uma batalha que vinha travando desde 2017 na Justiça.
Preconceito
Criada só pela mãe, uma ex-corretora de imóveis que hoje vende bijuterias, a agora famosa moradora do Alemão sofreu bullying na escola e perdeu as contas de quantas vezes foi alvo de chacota nas ruas por ser trans. O preconceito também veio de alguns membros da família (o pai demorou a aceitá-la e uma das avós, que é evangélica, ainda a chama pelo nome masculino). Sem falar nos muitos “nãos” que ela recebia quando se candidatava para vaga de dançarina.
“Já ouvi de produtores que eu não ia fazer parte do trabalho por ser uma mulher trans. Cheguei a pensar que eu nunca ia conseguir dançar com cantores famosos e chegar aonde eu cheguei. Pensei muito em desistir. É muito difícil, porque machuca demais”, diz Makayla, que hoje enxerga um olhar diferente dos outros sobre ela:
“No meu ambiente de trabalho eu já senti que a posição de muita gente mudou. Na minha família e onde eu moro também. Sempre fui respeitada, porque eu sempre me impus muito, mas, depois do Rock in Rio, criou-se um respeito maior pelo meu trabalho e por mim”.
E muito disso, afirma ela, é graças também a Anitta, que deu a Makayla a grande chance da sua vida: “Ela foi super atenciosa e carinhosa comigo. Acho incrível ela começar a abrir portas que já deveriam terem sido abertas há muitos anos. Ela é a cantora que deu a cara a tapa. E ela não me apoiou só na mídia. No segundo dia de ensaio, ela me chamou e demonstrou preocupação e muito respeito comigo”, diz.
Transição aos 17
Dançarina, atriz e modelo desde os 15 anos, Makayla começou a transição aos 17, com o apoio da mãe e após um período de aceitação própria.
“Cresci num meio onde ser travesti era ‘um problema’. Ouvindo que gay tinha que ser ‘comportado’, ‘no padrão’… Então, rolou uma dificuldade para eu entender. Fui estudar primeiro antes de me assumir para todo mundo e para explicar para os outros o que eu sou. Primeiro me assumi como gay, e através da cultura Ballroom, que é um estilo de dança que eu estudo, comecei a ter espelhos de mulheres trans dentro dessa cena. Foi quando eu percebi que ser trans não era um problema”.