Fábio Carille deixou o estádio Rei Pelé, em Maceió, com a cabeça quente e bastante impactado com a derrota por 2 a 1 para o CSA, em partida em que o Corinthians chegou ao sétimo jogo sem vitória.
Por decisão própria, o técnico pediu para não dar entrevista coletiva – algo que jamais havia ocorrido numa derrota. Ele Indicou que deixaria o encontro com a imprensa para sexta, após o treino no CT Joaquim Grava, em São Paulo.
Em seu lugar falou Andrés Sanchez, que bateu forte na postura do elenco. Segundo o presidente, há jogadores em clima de férias.
A impressão de Carille é a mesma. Se há duas semanas o técnico botava a mão no fogo pelos jogadores e dizia acreditar que tinha o grupo em suas mãos, agora já questiona a situação.
Chateado, o treinador usou as horas após o jogo no hotel em Maceió para, de cabeça fria, refletir sobre o futuro.
O técnico busca respostas que não tem. Membros da comissão técnica também não conseguem explicar a má fase do time. O aspecto comportamental, porém, foi eleito como grande vilão.
A saída do G6 acendeu o sinal vermelho. Ficar fora da Libertadores em 2020 afetaria não só a parte desportiva mas também a financeira do Corinthians.
Carille foi dormir sem ter certeza se será capaz de conduzir a equipe por mais nove jogos em 2019 – considerando, principalmente, que o líder Flamengo é o adversário de domingo, no Maracanã.
Andrés, que pagou quase R$ 3 milhões para quebrar o contrato do técnico com o Al Wehda, da Arábia Saudita, em dezembro de 2018, não quer pagar mais uma multa, desta vez para demiti-lo.
A cláusula de rescisão do vínculo do treinador é de R$ 6 milhões. Porém, caso opte pela demissão, o Timão pagaria indenização menor, pois o valor da multa cai a cada mês de vínculo.
A situação é negociável. O Corinthians deve valores para o treinador e, caso ele opte por interromper o trabalho, a parte financeira pode ser acordada amigavelmente. A diretoria alvinegra não irá se opor caso Carille queira sair.
Uma dificuldade para o Corinthians é achar um substituto para acabar 2019. Fabinho Félix, auxiliar fixo do Timão, e Dyego Coelho, técnico do sub-20, são opções caseiras, mas ainda em fase de construção de carreira. Não há a impressão de que esse tipo de troca traria grande impacto no time.
Andrés, em sua coletiva, disse que cogita “mudanças drásticas” até mesmo na diretoria. Hoje, o coordenador Emerson Sheik e o gerente Vilson Menezes são os homens do futebol ao lado do diretor Duílio Monteiro Alves – pré-candidato à eleição de 2020, Duílio é o único 100% garantido. Diretor entre 2015 e 2016, Eduardo Ferreira também faz parte da cúpula, mas sem cargo definido.
Nesta quinta, sem o calor do resultado, Carille deve decidir sobre seus próximos passos. A delegação corintiana volta a São Paulo pela manhã, e se reapresenta no CT Joaquim Grava na sexta-feira.
Globo Esporte