Washington, 3 Mar 2019 (AFP) – A nova cápsula Crew Dragon da SpaceX foi capaz, neste domingo (3), de se acoplar automaticamente à Estação Espacial Internacional (ISS), confirmaram a NASA e a SpaceX durante uma transmissão ao vivo da operação.
“Acoplagem suave confirmada”, anunciou a NASA, que acrescentou minutos depois: “Podemos confirmar que a captura total foi finalizada”.
O anúncio foi recebido com aplausos no Centro Espacial Johnson em Houston, nos Estados Unidos.
O contato ocorreu às 10h51 GMT (07h51 de Brasília), mais de 400 km acima da superfície da Terra, ao norte da Nova Zelândia, 27 horas após o lançamento da Dragon por um foguete SpaceX do Centro Espacial Kennedy.
A cápsula se aproximou progressivamente da estação, sincronizando sua velocidade e sua trajetória. Esta é uma primeira missão de demonstração, sem astronauta, antes de uma primeira missão tripulada prevista para este ano.
Com sua ponta aberta, em meio à escuridão do espaço, a cápsula se acoplou automaticamente à Estadção, onde estão atualmente a americana Anne McClain, o russo Oleg Kononenko e o canadense David Saint-Jacques.
Na imagem, o contato pareceu acontecer muito lentamente, enquanto a ISS e a cápsula avançavam paralelas a mais de 27.000 km/h na órbita da Terra.
“Outro passo que nos aproxima de nosso voo”, reagiu o astronauta Bob Behnken, um dos escolhidos pela NASA para a primeira missão tripulada da Dragon.
Um pouco mais de duas horas depois, os três membros da tripulação da ISS abriram a escotilha da cápsula e, pela primeira vez, entraram na cápsula no espaço.
Em seu interior encontratam o boneco Ripley, instalado em seu assento, e uma pelúcia em forma de planeta azul, que a SpaceX introduziu com humor na cápsula para servir como um “indicador de ausência de peso super ‘high tech'”.
“Bem-vindo à nova era do voo espacial”, disse McClain, de dentro da Crew Dragon.
“Parabéns a todos vocês por essa conquista histórica que nos aproxima do dia em que poderemos fazer astronautas americanos voar em foguetes americanos”, disse o chefe da NASA, Jim Bridenstine.
A missão de teste, que está três anos atrasada em relação ao cronograma original, é um ensaio das condições reais para o próximo voo, que terá dois astronautas a bordo. A data oficial é julho, mas pode ser adiada.
Os engenheiros da SpaceX e da NASA querem garantir que o veículo seja confiável e seguro para os seres humanos. Eles também querem verificar se os quatro paraquedas, já testados muitas vezes, retardarão a queda no Atlântico.
Os sensores ligados a Ripley, nomeado em homenagem à heroína dos filmes Alien, vão medir as forças exercidas sobre os futuros passageiros.
A abertura da comporta pela tripulação da ISS está programada para 13H30 GMT (10h30 de Brasília).
Dragon permanecerá acoplada à ISS até sexta-feira, quando retornará à Terra para pousar no Atlântico, uma das etapas mais perigosas da missão.
Desde 2010, a NASA pagou mais de US$ 3 bilhões em contratos com a SpaceX para desenvolver este serviço de táxi, e US$ 4,8 bilhões para o grupo Boeing, que está desenvolvendo sua própria cápsula, a Starliner (teste programado para abril).
Cada uma terá que fazer seis viagens de ida e volta à ISS, sem contar os testes. Os grandes contratos são de 2014.
A SpaceX ocupa, desde 2014, a lendária plataforma de lançamento No. 39A do Kennedy Center, de onde partiram as missões Apollo para a Lua, e numerosos ônibus espaciais durante seus trinta anos de serviço.
Desde 2011, os astronautas vão para a ISS a bordo dos foguetes russos Soyuz. Eles devem aprender russo e treinar na Rússia.
Para a SpaceX, que tem garantido o abastecimento da Estação Espacial desde 2012, conseguir enviar astronautas à órbita seria uma consagração.
Mas, por precaução, no caso de nem a SpaceX nem a Boeing estarem prontas antes do final do ano, a NASA já reservou dois assentos na Soyuz para garantir o acesso à ISS até 2020.
AFP