A cantora paraibana Cátia de França foi indicada o Grammy Latino 2024 com o disco ´No Rastro de Catarina’, que concorre na categoria melhor álbum rock ou de música alternativa em língua portuguesa. A premiação, que também celebra artistas brasileiros, acontece no próximo dia 14 de novembro, em Miami. Cátia figura ao lado de nomes como Eramos Carlos, Ana Frango Elétrico, Jovem Dionísio e Lagum.
‘No Rastro de Catarina‘ foi lançado em abril e comemora os 50 anos de carreira da cantora. O disco, com 12 faixas inéditas, une o passado e o presente, resgata memórias e perspectivas ao longo de 77 anos bem vividos.
Uma volta ao início de tudo
O disco ‘No Rastro de Catarina’ foi integralmente gravado ao vivo em João Pessoa, terra natal da cantora, no Estúdio Peixeboi. A produção é assinada pelo selo fonográfico Tuim discos, também da Paraíba, com distribuição digital da Tratore. O resultado foi um disco vibrante, único e que mostra toda força e vitalidade de uma artista com influências em diversas gerações da música brasileira.
Cátia decidiu gravar o disco só com músicos paraibanos porque considera como ‘uma fórmula que dá certo’. “Chegou um momento em que percebi uma cobrança por um novo trabalho, que vinha sempre acompanhada do questionamento se eu havia parado de compor. Esse disco foi regado por sentimentos de entrega, vontade e confiança. Por isso, eu apostei numa fórmula que deu certo, que é fazer disco novo com músicos paraibanos”, contou.
A banda é formada por Cristiano Oliveira (viola, violão e violão de aço), Marcelo Macêdo (guitarra e violão de aço), Elma Virgínia (baixo acústico, baixo elétrico e fretless), Beto Preah (bateria e percussões) e Chico Correa (sintetizadores), que também assina a produção musical do disco ao lado de Marcelo Macêdo. ‘No Rastro de Catarina’ conta ainda com participação de Gláucia Lima no vocal, Dina Faria na direção artística e Felipe Tichauer na masterização.
Com seis discos lançados entre 1979 e 2016, Cátia de França ultrapassa gerações e transita entre palcos e parceiros musicais dos quatro cantos do país. Sua história envolve evolução de ritmos, experimentações e parcerias com artistas como Zé Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Lulu Santos, Chico César, Elba Ramalho e Bezerra da Silva em seus discos.
Poética e sonoridade
A faixa que dá nome ao disco é um jogo de palavras a partir do trecho “No Raso da Catarina/ O que vejo é nossa sina/ Enxergo a caatinga/ Branco hospital”, presente na canção autoral ‘Quem Vai, Quem Vem’, do disco ‘20 Palavras ao redor do Sol’ (1979).
‘No Rastro de Catarina’ é uma obra completa que expõe a poética e sonoridade múltipla de Cátia de França em mais de meio século de carreira. O disco percorre toda a história da artista, desde ‘Indecisão’, um poema de amor escrito quando Cátia tinha 14 anos e só agora musicado, ao mergulho em seu envelhecimento com ‘Malakuyawa’, cantando sobre seus cabelos brancos, veias aparentes e sorriso sem dentes.
Faixas como ‘Espelho de Oloxá’, ‘Bósnia’ e ‘Negritude’ abordam entre outras temáticas sua veia política e a identidade negra, além da forte característica da referência literária em sua arte (a faixa ‘Eu’, por exemplo, traz um poema da portuguesa Florbela Espanca), apresentando canções que, como crônicas, contam o mundo através das lentes da compositora. Entre as doze canções estão parcerias com Khrystal, Regina Limeira e Socorro Lira.
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