Cuca foi apresentado pelo São Paulo, nesta segunda-feira, no CT da Barra Funda, e revelou que pode assumir a equipe antes de 15 de abril, prazo estipulado por seu cardiologista para voltar a trabalhar. O técnico acha difícil ficar longe do campo até lá. Enquanto o técnico concedia entrevista, a torcida protestava do lado de fora contra dirigentes e jogadores.
– Venho muito energizado, queria muito estar amanhã no campo, mas infelizmente não posso. Tenho um final de tratamento que começou em 5 de dezembro. Que eu esteja 100% apto. Acho que não vou esperar até o final desse tratamento, vou dar uma antecipadinha, porque sinto que estou bem bom (risos) – afirmou.
Cuca recordou o período em que trabalhou no São Paulo em 2004, quando levou o clube às semifinais da Copa Libertadores e ajudou a montar parte do elenco que logo depois foi tricampeão brasileiro e venceu a Libertadores e o Mundial de Clubes.
– Tenho lembrança de estar aqui depois de 15 anos. Muita coisa passa ao longo de todo esse tempo, e a gente mata a saudade hoje aqui. Particularmente, estou muito feliz e animado em voltar ao São Paulo Futebol Clube, onde passei em 2004, ajudei um pouquinho na montagem, junto com o Juvenal (Juvêncio) e o Marcelo Portugal (Gouvêa). Time que ganhou tudo que disputou. Hoje, poder estar voltando, mesmo num momento complicado – disse Cuca.
O técnico elogiou Vagner Mancini, técnico interino do São Paulo, e pediu um voto de confiança à torcida. Enquanto o treinador era apresentado, muitos são-paulinos protestavam na porta do CT da Barra Funda. O treinador falou até na ambição de conquistar um título nesta temporada.
– Queria agradecer ao Mancini. Sem ele, não teria como aceitar. A gente fica frustrado pelo resultado de ontem, o torcedor está aí frustrado. São Paulo entra para ser primeiro. Num momento em que não ganha há tanto tempo, vêm as cobranças. Não gosto de trabalhar em situações duras assim, mas sei trabalhar assim. O Mancini, vou estar sempre em contato com ele. As formações vão ser da cabeça dele, mas o quanto antes vou estar trabalhando. A gente tem uma ideia muito forte de time, de conhecimento dele, do Raí, que a gente já discutiu – destacou Cuca.
– A gente tem ambição de ser campeão paulista, da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro. Pediria à torcida do São Paulo que tenha confiança em mim, da mesma forma que tenho no Raí, no presidente, no Mancini, que a gente vai fazer um trabalho bom – emendou o técnico.
O técnico falou também sobre a cobrança da torcida a determinados jogadores, como Nenê, Diego Souza, Reinaldo, Hudson e Bruno Peres. Eles aparecem em uma lista de dispensáveis elaborada por torcedores nas redes sociais.
– Quando o torcedor cobra, lógico que ele vai cobrar os jogadores de mais experiência. Esses jogadores vão poder mostrar a condição deles. Eu sempre escalo os melhores, não pelo nome, mas pelo que mostra. O Mancini já fez mudanças ontem. O maior reforço que a gente tem que trazer hoje é a confiança do jogador, e o jogador se ajudar a recuperar essa confiança. Eles lutaram ontem, mas sempre podem dar um pouco a mais”, diz o técnico do São Paulo – disse Cuca.
Cuca, que foi contratado junto do seu irmão e auxiliar, Cuquinha, assinou contrato com o São Paulo até dezembro de 2020.
Veja outros trechos da entrevista de Cuca:
É a realização de um sonho?
– Estou realizando (um sonho), sim. Sinto que posso contribuir com o São Paulo. Eu me sinto em plenas condições. Sempre gostei de montar times, dentro dos orçamentos que me são passados. Aqui não se trata de montagem de time, mas de uma melhora que a gente vai ter. Tanto dentro de campo quanto fora. Hoje estou fora de campo, mas atento a tudo, ao mercado. Gosto de trabalhar com mercado emergente.
Saúde e trabalho com Mancini
– Não tenho problema nenhum. Estou fazendo um tratamento para não ter problema futuro. Quero viver muito tempo, estar com minha neta, trabalhando. Precisei dar uma cuidada. Estou em fase final desse tratamento. Do jeito que estou me sentindo, acho que vai antes de dois meses. Não é que chegou Cuca, quem você vai indicar? A gente tem que sentir o jogador. Por mais que o Mancini me diga a ideia dele, o Raí me diga, eu tenho que sentir o jogador. A partir daí, sim, a gente fazer o que acha que tem que fazer. Agora, o campeonato vem em jogos de domingo a domingo. A gente vai trabalhar em conjunto com o Mancini a partir de agora. Para fazer os ajustes que têm que ser feito. Quer com os jogadores daqui ou, se possível, com jogadores que sejam trazidos também.
Como recuperar a autoestima da equipe?
– Ontem, ela começou a ser recuperada quando o São Paulo empatou. Se vira o jogo 2 a 1, ela vira para o seu lado. Acabou tomando 2 a 1, pesa tudo de novo. É um processo natural. Não tem como pôr autoestima no jogador, ela vem com os resultados. O São Paulo tem obrigação de se classificar no Campeonato Paulista, pelo time. No bolo, você tem a chance. A gente sabe o que fazer, de acordo com o resultado que vier.
Qual a primeira medida a ser tomada?
– Lá no Santos, fizemos um começo com alguma dificuldade, depois que entendemos demos uma arrancada fantástica. Faltou aquele sprint final, porque a gente não teve. Faltou um pouquinho para ir para a Libertadores. Não vejo que aqui seja mais difícil do que lá. Lá já estava fechada a janela de contratação. Ela sempre se recupera fazendo o feijão com arroz, trabalhando certo, com dedicação. Daqui a pouco, Deus abençoa, e as coisas começam a acontecer.
Como volta ao São Paulo?
– Sempre que o tempo passa, você fica mais experiente, vai aprendendo com as lições da vida. Estou energizado. Quero passar toda minha energia aos jogadores dentro de campo, para que a gente possa passar bem nesse ano. A gente não foi feita para sofrer. Essa cobrança de hoje, acontece em qualquer clube. O pessoal que está p… da vida, amanhã está a favor.
Jogador trabalha diferente com técnico experiente?
– Não me lembro de ter jogado com algum novato. A figura do treinador é importante, mas tão importante é o papel do elenco. O elenco também é responsável pelo treinador ir bem, o novato ou o experiente. Tem que ser uma família. Quanto mais a gente for, melhor. Aqui tem uma Família São Paulo, e a gente tem que fortalecer ainda mais para conseguir bons resultados.
Contato com os jogadores
– Não tive contato ainda. Para a torcida, eu entendo perfeitamente o que a torcida do São Paulo passa hoje. O São Paulo acostumado a não ficar um, dois anos sem ganhar, e agora está há um tempo sem ganhar. Em 2004, quando me trouxeram, a gente montou um elenco forte. Eu falaria para o torcedor ter confiança no meu trabalho, no do Raí, no Leco, no Mancini, que a gente vai ter uma sequência boa. Vamos tentar neste ano buscar um título. É difícil? É, mas a gente tem condição. O time do São Paulo é bom.
Cuca fala sobre o contrato, até 2020
– Quando faço meus contratos, não ponho multa rescisória de nenhum lado. Você não fica preso por dinheiro. Não vim por dinheiro, vim pelo desafio e pela grandeza do São Paulo. Tenho certeza de que a gente vai fazer um trabalho bom.
Carências do elenco e reforços
– Tem que ser resolvido internamente. Jamais vou chegar aqui e falar que tal posição está ruim. Acho que a gente tem um time bom. Carências, é difícil você dizer um time que não tem.
Luan e Liziero
– São jovens jogadores, gosto muito dos dois. Você tem que ter o tempo de pôr em campo, tem que tê-los à disposição. Temos bons nomes, as coisas vão melhorar gradativamente. Tem que ter paciência.
Vai mudar o elenco?
“Isso acontece gradativamente. Tem que sentir o jogador, às vezes o jogador sente que o espaço dele não está tão grande, que pode ser mais útil em outro time. O que posso prometer é ser honesto com cada um deles. Ninguém vai prejudicar nenhum jogador, pelo contrário.
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