Desnecessário ou parte do jogo? Veja o que dizem ex-jogadores e árbitros sobre lance de Soteldo

Foi desnecessária a atitude de Soteldo? Veja o que dizem ex-boleiros e árbitros (Reprodução/ Twitter @SANTOSFC)

Santos goleou o Vasco por 4 a 1 no domingo (1º), na Vila Belmiro, e saiu da zona de rebaixamento depois de oito rodadas. No entanto, o que ficou marcado na partida foi muito além das cinco bolas na rede. No começo do segundo tempo, quando o placar já era de 3 a 1 para o Peixe, Yeferson Soteldo subiu em cima da bola e provocou os jogadores do Cruz-Maltino. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal Correio.

Logo na sequência, o atacante Sebastián, do Vasco, tentou agredir o venezuelano, e uma confusão generalizada começou no gramado da Vila, com empurrões e troca de xingamentos. O jogo ficou parado por mais de oito minutos, e o árbitro Anderson Daronco acabou expulsando os santistas Lucas Lima e Rodrigo Fernández e o vascaíno Medel. Sebastián escapou com apenas um amarelo, a mesma punição de Soteldo.

Para Robert Almeida, ex-jogador e campeão brasileiro com o Santos em 2002, Soteldo quebrou um “código de conduta” dos atletas ao provocar os atletas do Cruz-Maltino. “Você pode fazer o que quiser em campo, mas vai ter que arcar com as consequências. Ninguém gosta de ver uma situação dessa quando está perdendo. Isso, numa partida de futebol, é um código de conduta quebrado. Você não tem que humilhar adversário nesse sentido”, diz.

“Nesse lance ele errou e reconheceu isso. Criou uma confusão, tomou o amarelo, vai ficar fora do jogo com o Palmeiras. Lucas Lima tomou o vermelho. É complicado, você tem que se colocar no lugar do adversário. Qualquer um do Santos, se tivesse no lugar dos jogadores do Vasco, teria ido para cima do Soteldo. Então, foi uma atitude errada do baixinho”, emenda Robert.

Denis Borges, campeão da Copa do Brasil com o Juventude em 1999 e com passagens por Palmeiras e Internacional, segue a mesma linha e diz que não houve “necessidade” de Soteldo provocar os vascaínos.

“Pensando para o atleta que está ali, jogando, à flor da pele, acaba não gostando muito. É um desrespeito. O pessoal pode achar que isso faz parte do futebol. E é verdade, mas tem os dois lados da moeda. Não vi o Soteldo fazendo isso nas derrotas do Santos, nem ninguém fazendo contra o Santos. Ele tem talento? Sim, muito. Mas espero que ele faça isso em direção ao gol, não fazendo por fazer, para chamar a torcida.”, afirma Denis.

O que diz a arbitragem?

Apesar das reclamações da torcida santista, para Alfredo Loebeling, ex-árbitro de futebol, a atuação de Daronco no lance foi correta, e a provocação de Soteldo era, sim, passível de ser advertida com cartão amarelo.

‘Não, mas o Ronaldinho fazia isso, fazia aquilo’. O que a Fifa fala é que você pode, sim, fazer a finta se for de forma progressista, se fizer parte da jogada. Não tem o menor sentido o que o Soteldo fez, é uma provocação, sim, para os padrões do futebol de hoje. A comparação com o que acontecia em 1980 não cabe, o futebol mudou, as determinações também, e a atitude tem que mudar

Alfredo Loebeling, ex-árbitro de futebol

Loebeling explica que as novas recomendações da Fifa, a entidade máxima do futebol, visam evitar confusões e brigas como as que aconteceram na Vila Belmiro neste domingo. “O cartão amarelo é bem mostrado. Porque ali não é uma finta de jogo, ali é uma atitude desnecessária. O futebol mudou. Não é uma atitude de um profissional de alto nível, não é uma finta de jogo, é uma provocação, sim”, avalia.

Na súmula, o árbitro Anderson Daronco justificou o cartão amarelo para Soteldo como “conduta antidesportiva”. “Motivo: A1.24. Outro motivo (somente neste caso, abriria um campo livre para o árbitro digitar o que quiser) — Por discutir com seu adversário com a bola fora de jogo (atitude antidesportiva)”, escreveu o juiz.

Segundo o livro de regras da CBF para a temporada 2023, a atitude de Soteldo se enquadra na regra 12, como “conduta antidesportiva” ao “mostrar falta de respeito pelo futebol”. “Falta de respeito ao futebol, ao torcedor e ao adversário”, complementa Loebeling.

Portal Correio