Cerca de 40% da cobertura vegetal no Brasil foi degradada no período compreendido entre 2001 e 2021 e o Nordeste é a região mais afetada. É o que revela um estudo coordenado pelo professor Humberto Barbosa, do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
“A redução nos volumes de chuva é um dos vetores da degradação, por aumentar as pressões humanas sobre a biomassa vegetal. Associado a essa questão climática, houve o aumento do desmatamento e dos incêndios florestais. Esses fatores explicam a velocidade de degradação da vegetação nessas áreas”, alerta o pesquisador.
O levantamento, realizado a partir de dados de satélites, mostra que a situação é crítica no Semiárido nordestino, região que apresenta a maior concentração de áreas degradadas, além de áreas da Amazônia, Sudeste e Centro-Oeste brasileiro.
“Houve ganho de cobertura vegetal em áreas da Amazônia, Centro-Oeste, parte do Sudeste e Sul, na ordem de 33%, mas esse ganho se deve à expansão das áreas agrícolas”, observa o professor.
Além da alta proporção de áreas com redução de chuvas em todo o Brasil (com tendência de aumento da chuva restrita a áreas muito pontuais da Amazônia), outro dado preocupante é a intensificação da recorrência de incêndios florestais em Matopiba, região formada por áreas majoritariamente de cerrado nos estados do MAranhão, TOcantins, PIauí e BAhia, considerada a nova fronteira agrícola do Brasil.
Entre as principais soluções apontadas pelo pesquisador para a resolução dos problemas estão o desenvolvimento de políticas ambientais firmes, a preparação para o enfrentamento de eventos climáticos extraordinários e o manejo sustentável da vegetação.
“O mapeamento é importante por permitir identificar os principais vetores da degradação. O monitoramento por satélite é o primeiro passo para conhecer a dimensão do problema. A partir daí, é fundamental aplicar uma política ambiental consistente e de adaptação a eventos climáticos extremos. Promover o manejo adequado e o uso sustentável da vegetação, além de medidas de adaptação à seca, são primordiais para minimizar o processo de degradação”, explicou Humberto.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e contou com a participação de estudantes do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia da UFCG e de pesquisadores do Instituto Letras Ambientais.
Confira aqui mapas e mais dados da pesquisa.
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