O consumo de cigarro tradicional está em queda livre no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 12,6% da população do país é fumante. Há 30 anos, esse percentual era de 34,8%. No entanto, nem todas as notícias são boas. Na contramão dessa queda, o consumo do cigarro eletrônico vem crescendo, principalmente entre os jovens. O Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba (AMPB) faz alerta para os perigos deste tipo de cigarro.
O pneumologista Sebastião de Oliveira Costa, presidente do Comitê de Tabagismo da AMPB e médico cooperado da Unimed João Pessoa, ressalta que o cigarro eletrônico não é inofensivo e não ajuda a romper a dependência da nicotina.
“O cigarro eletrônico está repleto de nicotina e essa substância, com sua força vasoconstrictora, já produziu infartos em muitos dependentes por aí afora”, diz. “E não dá nem para contar a quantidade de deficientes, vítimas de AVCs, promovidos com a participação competente dessa droga psicoativa, que troca figurinhas com a cocaína, no mesmo grupo das substâncias psicotrópicas”, afirma.
O especialista alerta, também, que esse tipo de cigarro tem ainda as nitrosaminas, que estão entre as mais potentes substâncias cancerígenas. “Na boca do fumante que aderiu ao cigarro eletrônico, pode surgir cancro, gengivites e alterações no sistema mucociliar, que vão favorecer a tosse e a secreção das bronquites. Monóxido de carbono e alcatrão são outras substâncias nocivas inseridas no vapor inalado pelos usuários”, explica.
Surto epidêmico
Sebastião Costa lembra um surto epidêmico ocorrido em 2019, nos Estados Unidos, quando vários jovens deram entrada em serviços de emergência com sintomas de insuficiência respiratória aguda, produzidas pelas substâncias contidas no cigarro eletrônico. “A doença ficou conhecida como Evali e acometeu cerca de dois mil americanos, com 26 mortes registradas”, relata.
O médico diz, ainda, que espera que as informações da nocividade deste tipo de vício possam chegar a todos, especialmente aos jovens. “Queremos despertar a consciência de que a inalação de uma droga viciante, aliada a muitas substâncias nocivas, é a certeza de que vamos seguir assistindo à reprise de um filme, recheado de doenças evitáveis e mortes precoces”, afirma.
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