Estado não fornece remédios e pacientes vendem bens para ‘ter saúde’

Pacientes denunciam falta de entrega de medicamentos por parte do poder público. Portadores de doenças raras e também de diabetes e artrite reclamam do atraso e relatam que estão passando por dificuldades e momentos de preocupação. O descaso é tanto que até as explicações aos pacientes são mal dadas, insuficientes ou nem existem. Uma das prejudicadas é a jornalista Wênia Bandeira, diabética, que está precisando vender bens pessoais para continuar o tratamento.

“Estou com processo na Justiça para medicamento, insulina e insumos também. E esse processo é desde 2013 e eu faço uma nova petição de 6 em 6 meses, que é quando eu recebo medicação para durar este tempo. O que aconteceu agora é que eles tiveram um problema na 3ª vara da fazenda do TJ que não deram o rito processual, eles bloquearam o dinheiro na conta bancária do estado”, disse a jornalista.

Segundo ela, a última petição que colocou foi há quatro meses, no dia 28 de novembro. “A gente já coloca com um mês de antecedência antes do medicamento acabar porque a justiça é lenta, mesmo em casos de urgência. Ou seja, tem 3 meses que eu compro a medicação. Eu compro o que dá para comprar que é só a insulina. Tem três meses que estou fazendo isto, já vendi um computador para pagar esta medicação e estou vendendo o que tenho para conseguir pagar, porque infelizmente a gente não recebe tão bem assim para pagar R$ 1.200, que é o meu tratamento por mês”.

Outra pessoa, que preferiu não se identificar, também está sofrendo com a falta de medicamentos. Ela, que sofre de artrite reumatoide, não tem acesso ao tratamento e reclama do atraso da Centro Especializado de Dispensação de Medicamentos Excepcional (Cedmex). No atendimento, ela disse que ninguém deu explicações ou alguma previsão.

“Eu tenho uma doença autoimune, chamado artrite reumatoide. Desde janeiro do ano passado pegava medicamento e nunca teve atraso até agora. Essa semana foi buscar e disseram que estava em falta e não deram explicação, sem previsão. Entrei em contato com a diretora e ela disse que o repasse é do governo federal e não tem previsão. Estou tentando conseguir uma dosagem menor, porque tem que tomar uma injeção toda semana, se não tomar, eu volto a sentir dor, articulações inflama. Medicamento que custa de R$ 4 mil a R$ 9 mil. Estou desesperada, não sei o que fazer”, declarou.

Outra pessoa que está enfrentando problemas com a falta de medicamentos é o estudante Patrick Teixeira Dornelles, portador de uma doença rara chamada mucopolissacaridose. Uma decisão que desobriga o estado e a União a fornecer medicamentos para tratamento de pessoas raras. O Ministério da Saúde disse que já havia iniciado o processo de licitação para compra de medicação para Patrick. Segundo o ministério, é um processo necessário para evitar fraudes.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, no caso específico de Wênia, os medicamentos estão em falta devido a um descumprimento do contrato perante o fornecedor. Já foi realizada nova licitação [para ambos os produtos] e os processos de compra estão em fase final. Porém, a Saúde não dá prazos, o que aumenta a aflição de quem mais precisa.

Portal Correio