O ex-governador do Rio Sérgio Cabral voltou a prestar depoimento à Justiça do Rio. Desta vez, ele disse que intermediou caixa dois para as campanhas do ex-senador Lindbergh Farias, do PT, e do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, do DEM, mas que, na época, era do então chamado PMDB.
O ex-governador pediu para ser interrogado de novo. Queria dar mais detalhes sobre as relações com o empresário campeão de contratos no governo dele.
“Ele tinha muitos contratos no estado, nós estávamos revisando os contratos, mas ele passou a dar uma mensalidade para mim nos anos de 2007 e 2008, principalmente. Como disse o Carlos, alguma coisa em torno de R$ 200, R$ 300 mil que ele ia buscar no Rio Comprido, onde era a na sede da empresa”, contou Sérgio Cabral.
Sérgio Cabral disse que também veio do empresário Arthur Soares, que é foragido da Lava Jato, o dinheiro de caixa dois que financiou campanhas dele e de outros políticos do estado. O ex-governador reafirmou que Eduardo Paes, então no MDB, recebeu ajuda de caixa dois na campanha de 2008 para a prefeitura do Rio.
“Mas chegamos a 2008, e eu consegui convencê-lo a ser o maior doador da campanha do Eduardo Paes. E ele foi. Ele deu cerca de R$ 6 milhões, até mais do que para mim, na campanha do Eduardo Paes. Ele deu R$ 6 milhões na campanha do Eduardo”, disse.
Cabral disse ao juiz Marcelo Bretas que, depois de eleito, Eduardo Paes deu contratos ao empresário como contrapartida.
“Ele reclamou que o Eduardo não o atendia com contratos. Acabou sendo atendido na área da saúde e atendido também no Centro de Controle da Prefeitura.”
Cabral afirmou também que intermediou caixa dois para a campanha de Lindbergh Farias, do PT, ao Senado em 2010.
“Eu precisava de recursos para o candidato ao senado Lindbergh Farias. Então, ele acabou dando muita ajuda ao Lindbergh Farias. Deu uma ajuda significativa ao Lindbergh. Mais de R$ 5 milhões”, contou.
Sérgio Cabral revelou que as negociatas renderam a ele uma fortuna já no primeiro mandato, grande parte escondida numa única conta no exterior. Mas ele afirmou que, na campanha da reeleição, em 2010, conseguiu multiplicar o dinheiro de propina e caixa dois.
“Quando começou a campanha em 2010, doutor Marcelo, vamos botar assim, abril, maio de 2010, a conta do exterior devia ter alguma coisa em torno de US$ 45 milhões, US$ 50 milhões. Quando terminou a campanha de 2010, ela já tinha US$ 100 milhões”.
Em nota, a defesa do ex-prefeito Eduardo Paes disse que todas as doações feitas para as campanhas dele sempre foram feitas de forma voluntária, espontânea, declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral; e que o próprio Sérgio Cabral já admitiu ao juiz Marcelo Bretas que Eduardo Paes não fazia parte da sua organização.
O empresário Arthur Soares disse que, no momento oportuno, vai esclarecer os fatos.
Nós não conseguimos contato com o ex-senador Lindbergh Farias.
g1