Flamengo aguarda contraprova de Jorge Jesus e prepara cuidados; infectologista explica caso

Jorge Jesus fará nesta terça-feira uma nova coleta de material para realização da segunda contraprova para tentar identificar a presença do coronavírus. A primeira foi inconclusiva. Apesar disso, o treinador já está em quarentena e terá monitoramento constante do departamento médico do Flamengo.

O português mora sozinho em um apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e não pode sair de casa. Caso a contraprova confirme a presença do vírus, passará por testes constantes até que fique constatado que se recuperou totalmente.

Por causa do caso de Jorge Jesus, a ideia é de que todos os jogadores e funcionários do departamento de futebol do clube façam novamente o teste, realizado na última sexta-feira.

De acordo com Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologista (SBI), como Jesus teve uma “leitura muito pequena de vírus” no exame, a possibilidade de contágio fica diminuída.

– Ele teve um teste, pelo que foi noticiado, que apresentou muito pouco vírus. Então, a própria transmissão é diminuída. A chance é menor, a disseminação fica dificultada. É possível que não aconteçam casos secundários, mas ele precisa ficar em observação. No momento, ele está assintomático, mas é algo que pode evoluir. Então, é preciso observar – afirmou Chebabo.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o infectologista explicou que acredita ser difícil a retomada dos jogos antes de três meses. Ele comentou sobre o resultado do exame de Jorge Jesus e sobre os cuidados que as pessoas que tiveram contato com o treinador devem ter.

Alberto Chebabo: O “positivo fraco” significa que mostrou uma leitura muito pequena de vírus. Está quase no limite de detecção do teste. Nesse caso, é porque está muito próximo do limite, muito pouco vírus, em um início de contaminação.

A contraprova pode dar negativa?

Difícil saber porque não participei do teste, mas o mais provável é que apareça o positivo. Nesses casos, a gente repete o teste mais de uma vez. Todo teste positivo se repete uma segunda vez com o mesmo material. Provavelmente querem repetir mais uma vez porque foi um detecção muito baixa.

O que ele e as pessoas com as quais ele teve contato podem fazer?

O que recomendamos é que os contactantes próximos sejam colocados em observação. São aquelas pessoas que tiveram contato por mais de 15 minutos ou deram um beijo ou um abraço, por exemplo. Essas pessoas precisam ser observadas e, assim como ele, também ficar em isolamento domiciliar. Não há necessidade de mais nada. Só os sintomáticos, os que tiverem quadro respiratório, precisarão fazer a coleta.

É possível manter a segurança em um ambiente de competição esportiva?

Não seria. Não é nem a questão do jogo. O problema é o convívio, o treino, a concentração. Eles dividem as mesmas dependências, o que expõe essas pessoas a um risco desnecessário. É claro que o esporte é importante, mas a saúde das pessoas requer mais atenção nesses casos. Se pedimos para as pessoas evitarem aglomerações, ficarem em casa, fazerem home office, então as atividades que não são essenciais não precisam ser mantidas. É o caso das produções artísticas, por exemplo. É o mesmo objetivo.

O Campeonato Carioca, por exemplo, vai ficar parado inicialmente por 15 dias. Acredita que é um tempo razoável?

Esses 15 dias servem apenas para ver o que vai acontecer. Não há garantia de que vá voltar a ter jogo. Se em 15 dias nós tivermos um cenário de melhora, tudo bem. Mas eu acho muito difícil que isso aconteça. Acredito em uma paralisação de pelo menos três meses. Vamos ver o cenário, se as medidas que estão sendo tomadas terão impacto. Precisamos medir tudo isso para reavaliar as decisões. Esses primeiros 15 dias servem para observar a evolução ou não disso tudo.

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