GraphoGame: o que é o app citado por Bolsonaro no debate?

Neste último domingo (16), foi realizado na Band o primeiro debate presidencial do segundo turno da Eleições 2022 entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Um dos assuntos discutidos virou alvo de controvérsias nas redes sociais: o aplicativo de jogos infantis GraphoGame.

Imagem: Reprodução/Band
Imagem: Reprodução/Band

Lançado em novembro de 2020 pelo Ministério da Educação, o GraphoGame é um jogo educativo que busca auxiliar crianças de quatro a nove anos. Segundo o site oficial da pasta, o aplicativo tem a função de “apoiar os professores, em atividades de ensino remoto, e as famílias, no acompanhamento das crianças no processo de aquisição de habilidades de literacia”.

O tema surgiu em um dos blocos do debate, após a questão da defasagem escolar na pandemia da covid-19 ter sido levantada como um tópico de discussão. Com isso, Bolsonaro citou o GraphoGame e afirmou que o planejamento do governo é ampliar o aplicativo para contornar o problema mencionado, garantindo que o recurso permitiria concluir o processo de alfabetização da criança em até seis meses – sem especificar como isso ocorreria.

Na ferramenta, há diversas fases apresentadas e as etapas vão ficando mais difíceis. Na tela, várias letras são distribuídas e a criança precisa selecionar a correta, correspondente ao som pronunciado em áudio pelo sistema. Logo depois, a estatística de aproveitamento é exibida e cada acerto equivale a uma pontuação.

Imagem: Reprodução/GraphoGame/Play Store
Imagem: Reprodução/GraphoGame/Play Store

O GraphoGame tem origem na Finlândia, após ter sido desenvolvido e lançado por pesquisadores da Universidade de Jyväskylä e do Instituto Niilo Mäki. Segundo eles, o aplicativo serviria para crianças com dislexia, discalculia, dificuldades de aprendizagem e aquelas que convivem em condições precárias em questões sociais e econômicas. Assim, o programa chegou ao Brasil por meio de especialistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Alguns especialistas criticaram as falas de Bolsonaro no debate sobre o GraphoGame, principalmente ao levantar a questão da alfabetização de crianças. Priscilla Cruz, co-fundadora da ONG Todos pela Educação, chegou a citar em seu Twitter uma fala de Augusto Buchweitz, que atuou na adaptação do game para a língua portuguesa.

“Sozinho o GraphoGame não irá alfabetizar a criança e não resolve esse imenso problema; não é esse o objetivo e nem poderia ser”, afirma Buchweitz.

Outros profissionais indicam que a alfabetização adequada dura entre três a quatro anos, variando com os modelos adotados pelos países. Até o ano retrasado, as diretrizes do MEC apontavam a recomendação de três para o ciclo do letramento infantil, nas primeiras séries do Ensino Fundamental.

olhardigital