Hospital Padre Zé pode encerrar atividades até o fim de abril por falta de recursos

O Hospital Padre Zé, em João Pessoa, corre o risco de encerrar suas atividades até o fim deste mês. A grave crise financeira enfrentada pela unidade filantrópica tem origem em irregularidades cometidas pela antiga gestão, que comprometeram a possibilidade de novos repasses públicos à instituição.

A atual direção afirma que, sem a renovação do contrato com a Prefeitura de João Pessoa, que garante recursos para a manutenção de 100 leitos das Unidades de Cuidados Prolongados (UCP), o hospital pode ser fechado.

A crise se agravou após a decisão da Prefeitura da Capital de não renovar a contratualização dos leitos com o hospital, justificando que, em razão da reprovação das contas referentes aos anos de 2019 a 2022, a legislação impede a formalização de novos convênios com o Município. Os pareceres contrários foram emitidos pela Comissão de Licitação da Prefeitura, pela Controladoria Geral do Município e também pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Padre George, atual gesto do Hospital Padre Zé (Imagem: Reprodução)

A atual gestão do hospital, liderada pelo padre George, assumiu a administração em setembro de 2023 e, desde então, tem buscado reverter os danos causados pela direção anterior, comandada pelo padre Egídio de Carvalho — atualmente afastado e investigado por desvios de recursos. O novo gestor conseguiu, por exemplo, suspender, junto à Caixa Econômica Federal, as parcelas de um empréstimo de R$ 13 milhões contraído anteriormente. A medida deu fôlego financeiro temporário ao hospital, permitindo a ampliação da capacidade assistencial e o atendimento de quase dois mil pacientes em oito meses.

Apesar dos avanços, as contas reprovadas do período anterior continuam impactando diretamente o presente da instituição. A legislação veda repasses de recursos públicos para entidades com pendências dessa natureza. Assim, mesmo com uma atuação considerada eficiente pela nova gestão, o hospital está impossibilitado de receber os cerca de R$ 800 mil mensais provenientes da contratualização com o SUS, mediada pela Prefeitura.

A direção do hospital recorreu à Justiça para tentar manter os repasses. No entanto, o pedido de liminar foi negado em primeira instância. O caso foi encaminhado ao Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), que deve analisar o recurso.

Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé (Foto: Reprodução)

A Prefeitura de João Pessoa, por sua vez, informou que, apesar do impedimento legal, manteve os repasses de forma excepcional até o fim do atual contrato, priorizando a assistência à saúde da população. Contudo, com o fim da vigência do contrato previsto para o dia 23 de abril, e diante da negativa judicial, o Município diz que não pode mais continuar os pagamentos.

Uma audiência está marcada para a próxima segunda-feira (14), às 10h, no Ministério Público da Paraíba. O encontro deve reunir representantes do hospital, da prefeitura e de órgãos de controle, com o objetivo de encontrar uma alternativa jurídica e administrativa que assegure a continuidade dos serviços prestados pela instituição.

Caso não haja uma solução até lá, a atual gestão do hospital afirma que será forçada a encerrar suas atividades, colocando fim a uma longa história de acolhimento e atendimento aos mais vulneráveis em João Pessoa.

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