A recente demissão de Vadão do cargo de técnico da seleção brasileira feminina já repercutiu entre as jogadoras que estiveram na última Copa do Mundo. Com discurso ainda discreto sobre o tema, Érika, do Corinthians, e Cristiane, do São Paulo, falaram sobre as expectativas a respeito do próximo comandante.
– Eu acredito que, como atleta, não cabe a mim falar do Vadão ou da saída de quem quer que seja da comissão. Estamos lá para jogar. Independente de quem esteja, será bem-vindo. Não sei se eu permaneço, também. Espero ser chamada. Quero que quem entre faça o melhor, assim como nós – ponderou Érika, em evento da FPF, em São Paulo.
– É uma decisão da CBF, a gente não tem muito o que dizer. Somos atletas. Tenho que dar o meu melhor independente de quem assuma. Cabe a CBF decidir quem eles vão colocar lá. Escolher é difícil. Não tenho como escolher com quem quero trabalhar. Tem que ser capacitado, competente, esteja informada em relação ao que acontece no país e faça o melhor possível – completou Cristiane, atacante do Tricolor Paulista.
Érika também falou sobre a possibilidade de perder Arthur Elias, técnico do time feminino do Corinthians, para a CBF. Ainda não há definição sobre quem será o substituto de Vadão. Para a jogadora do Corinthians, neste momento, não há uma mulher pronta para o cargo.
– No momento, não. São perguntas até surpresas. A gente precisa ter oportunidades de cursos, de buscar conhecimento. Aos poucos, estamos fazendo isso, tanto no jornalismo, futebol e vôlei. Estamos brigando por isso. Espero que os profissionais possam estar bem instruídas para servir a seleção brasileira. Queria ver as atletas assumindo cargos. Não posso falar mal do meu técnico (risos). É um profissional que não tenho que falar mal. Já trabalhei com ele no Centro Olímpico, gosto como dirige, da forma como se expõe para nós. Fico feliz, mas seria complicado sair do Corinthians. Estou com ele, aconteça o que acontecer – finalizou.
Coordenadora de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol, Aline Pellegrino, disse torcer pela criação de um “bom projeto” para a categoria, independente do sexo do profissional que venha a assumir o cargo de treinador da seleção brasileira.
– Eu acho que muito mais do que se falar de um nome, temos de falar de um projeto. Projeto é a longo prazo, você terá metas a curto e médio prazo, mas o projeto é longo. É um momento bacana de repente apresentar um bom projeto para o futebol feminino. Os ciclos se encerram e não necessariamente porque houve uma derrota. No futebol, a gente vê ciclos se fechando com vitórias. Momento oportuno para se apresentar um projeto de longo prazo. Não quer dizer que com isso seremos campeãs daqui a quatro anos, mas é um bom momento para isso – ponderou.
Para Pellegrino, o Brasil encerrou um ciclo com a saída de Vadão, mas ainda vive a expectativa pela disputa da Olimpíada de Tóquio, em 2020. Assim, quem assumir o cargo, segundo ela, não poderá ser cobrado por resultados na competição do ano que vem.
– Acho que dá tempo. Encerramos um ciclo antes do fim da Olimpíada. Ciclo encerrado antes, então não adianta cobrar resultado. É um fechamento. Temos de pensar a partir de 2021. Acredito no profissional. É um futebol. Quero mulher assumindo clube dos homens e vice-versa. Futebol é futebol, todo mundo se prepara para isso. Acredito na competência. Não podemos nos perder nisso. Temos de ter um bom projeto, independente do sexo.
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