O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou a líderes partidários em um almoço em Brasília nesta quarta-feira (11) que irá apoiar o nome de Hugo Motta (Republicanos-RJ) para sua sucessão ainda nesta semana.
Mais cedo, a Folha de S.Paulo antecipou que o presidente da Câmara tinha afirmado que chancelaria o nome de Motta na sucessão já numa reunião na madrugada de terça-feira (10).
Além de Lira e Hugo Motta participaram do almoço os seguintes líderes: Romero Rodrigues (Podemos-PB), Altineu Cortes (PL-RJ), Doutor Luizinho (PP-RJ), Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), Odair Cunha (PT-MG), Luciano Amaral (PV-AL), Renildo Calheiros (PC do B-PE). O deputado Tenente Coronel Zucco (PL-RS), aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também esteve presente.
De acordo com relatos, eles contabilizaram cerca de 300 votos em prol do líder do Republicanos.
O líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), confirmou a decisão de Lira. “Lira informou hoje, em almoço com líderes partidários, que apoia o nome de Hugo Motta para sua sucessão, como um nome qualificado para a construção da unidade na casa”, diz, em nota.
Ele também afirma que não cabe debater “a questão de governo versus oposição, mas tão somente garantir a escolha de um nome que assegure o funcionamento harmônico e independente do Poder Legislativo”.
Odair diz ainda que, como líder do PT, irá submeter o nome de Motta aos parlamentares da bancada para que seja avaliado no processo da sucessão.
De acordo com relatos, Lira resolveu anunciar esse apoio por avaliar ser um cenário ruim deixar a Casa e os parlamentares sem saber qual será sua posição na eleição da Mesa Diretora até a volta dos trabalhos legislativos em outubro, após as eleições -não haverá sessões até o pleito.
Além disso, esse movimento seria uma maneira de dar visibilidade à candidatura de Motta, num momento em que as articulações em torno de um acordo entre União Brasil e PSD ocupam o noticiário.
Agora, Lira trabalha para costurar o apoio de outros partidos em prol de Motta. A disposição do presidente da Câmara de declarar seu apoio nesta quarta foi informada em reunião da qual o próprio líder do Republicanos participou.
O deputado do Republicanos foi alçado à disputa numa reviravolta no cenário, com a desistência do presidente de seu partido, Marcos Pereira (SP), do páreo. Hoje, ele tem apoio da sua sigla e do PP. Há uma tentativa de atrair MDB e PL já nesse primeiro momento.
Também são candidatos os líderes Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL). União Brasil e PSD selaram apoio para seguir juntos na disputa.
Dentro do Palácio do Planalto há uma avaliação de que o indicado de Lira na disputa tem grande chances de vencer as eleições.
Nos bastidores, aliados de Lira diziam que ele sempre teve preferência pela candidatura de Motta, por enxergar nele um parlamentar de sua confiança e com maior unidade em torno de seu nome. Mas, diante da sinalização de que Pereira não iria desistir, ele passou a atuar mais incisivamente por Elmar, com quem mantém estreita relação de amizade.
Lira havia sinalizado a aliados, inclusive, que iria chancelar o deputado do União Brasil na disputa, desencadeando uma ofensiva contrária por uma ala da Câmara. Mas isso mudou com a entrada de Motta. O presidente da Câmara não pode se reeleger e busca transferir seu capital político a um nome de sua escolha. A eleição da Mesa Diretora ocorre em fevereiro de 2025.
O deputado federal Alexandre Leite (União Brasil-SP) manifestou publicamente nesta quarta-feira (11) insatisfação do seu partido com Arthur Lira, afirmando que o presidente da Câmara traiu o líder da bancada, Elmar Nascimento.
“Não tem ninguém que esteja mais descontente com o presidente Arthur Lira do que eu e o Leur [Lomanto Júnior, deputado do União Brasil da Bahia]. O presidente Arthur Lira traiu o deputado Elmar. Ele traiu o deputado, nosso líder Elmar, não tem ninguém mais descontente com Arthur Lira do que nós”, afirmou Alexandre Leite durante sessão do Conselho de Ética da Câmara.
Um dia após entrar na disputa, Motta se reuniu com o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tentar consolidar apoio dos dois políticos em torno de seu nome. Uma ala do PT enxerga com ressalvas o nome do parlamentar por sua proximidade com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), uma das vozes mais ativas da oposição a Lula.
Além disso, petistas também se incomodam com o histórico de ligações de Motta com o ex-deputado Eduardo Cunha (Republicanos-RJ), o principal articulador do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. Motta foi da tropa de choque de Cunha, quando ele foi presidente da Câmara.
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