Cristiano Ronaldo não é mais jogador do Manchester United. Nesta terça-feira, o clube inglês divulgou nota oficial informando que chegou a um acordo para rescindir o contrato com o atleta português. Ele deixa os ‘Red Devils’ com um total de 346 jogos e 145 gols marcados. Esta foi a sua segunda passagem pelo clube.
“Após negociações com o Manchester United, concordamos mutuamente em encerrar nosso contrato. Eu amo o Manchester United e amo os torcedores, isso nunca vai mudar. Parece o momento certo para buscar um novo desafio. Desejo tudo de bom ao Manchester United”, escreveu Cristiano Ronaldo, em comunicado divulgado pelo jornalista Fabrizio Romano.
O clima entre Cristiano Ronaldo e Manchester United não estava entre os melhores há meses. Tanto que o clube inglês já se preparava para uma possível saída do atacante e estava disposto a deixá-lo partir de graça. Essa medida já havia sido adotada em agosto, na última janela de transferência de verão, mas nenhum clube se interessou em assumir o seu contrato de 500 mil libras (cerca de R$ 2,9 milhões) semanais. Agora, o destrato foi oficializado.
“Cristiano Ronaldo vai deixar o Manchester United em comum acordo, com efeitos imediatos. O clube agradece a ele por sua imensa contribuição em duas passagens por Old Trafford, marcando 145 gols em 346 partidas, e deseja a ele e sua família o melhor para o futuro. Todos no Manchester United continuam focados em continuar o progresso da equipe sob o comando de Erik ten Hag e trabalhar juntos para obter sucesso em campo”, escreveu o Manchester United.
Nos bastidores do United, existia uma esperança de que Cristiano Ronaldo fizesse uma boa Copa do Mundo no Catar para que pudesse surgir clubes interessados no atacante. Recentemente, Cristiano Ronaldo é a primeira pessoas a bater 500 milhões de seguidores no Instagram.
Revelado pelo Sporting, mas projetado ao topo da Europa pelo Manchester United, Cristiano Ronaldo surpreendeu o mundo ao anunciar o retorno ao clube inglês, em agosto do ano passado. A notícia levou torcedores e até jogadores do elenco ao delírio, e tinha ares de conto de fadas: o velho ídolo voltaria para os grandes anos finais de sua carreira em casa. Mas a história teve um final amargo após o gajo disparar uma série de críticas ao clube e ao treinador, Erik ten Hag.
A entrevista foi a ponta do iceberg de uma relação cada dia mais conflituosa, que já rendeu outras entrevistas e até afastamento do jogador após desentendimento à beira do campo.
Relembre, episódio a episódio, como o a história de Ronaldo e United azedou de vez:
Apesar da volta recheada de homenagens e muita festa da torcida, a temporada foi complicada para o United e Ronaldo. Três meses depois de sua chegada, o clube demitiu o treinador, o ídolo Ole Gunnar Solskjaer.
O norueguês foi substituído pelo alemão Ralf Rangnick, diretor de futebol que aceitou voltar a ser treinador para ocupar uma posição interina. Naquela temporada, os Diabos Vermelhos amargaram uma irregularidade e problemas internos, que acabaram numa campanha de sexta colocação, fora da zona de classificação à Champions League.
Cristiano Ronaldo terminou como artilheiro da equipe, com 18 gols marcados — foi terceiro colocado na artilharia geral da Premier League. Mas sua permanência foi colocada em dúvida, dada a ambição do jogador em disputar a competição continental.
Janeiro de 2022 – A primeira entrevista
Na metade daquela temporada, CR7 conversou com a emissora britânica “Sky Sports”, na primeira entrevista exclusiva desde o retorno. Na conversa com jornalistas, pediu tempo para que Rangnick implementasse suas ideias, reclamou de problemas internos (sem explicá-los) e opinou que o United deveria sempre ambicionar pelas três primeiras posições.
— Podemos mudar as coisas agora. Eu sei como, mas não falarei aqui porque não me parece ético. O que posso dizer é que podemos fazer melhor […]. Não vim para ficar em quinto, sexto ou sétimo lugar. Vim para competir, para ganhar.
A aposta pessoal em Rangnick parece não ter dado certo. O interino acabou criticado por Cristiano na entrevista divulgada neste domingo, na qual diz que não o conhecia.
Abril de 2022 – Tragédia pessoal
Em abril, Cristiano Ronaldo perdeu um dos gêmeos do casal que esperava com a namorada, Georgina Rodríguez. O bebê, um menino, teve complicações no parto.
O jogador acabou liberado pelo clube e retornou na reta final da temporada. Na conversa com Piers Morgan, o gajo criticou a falta de empatia da diretoria do clube no episódio.
Julho de 2022 – Rumores sobre saída e pré-temporada
Em julho, começaram a surgir os rumores de que CR7 poderia deixar Old Trafford. Entre os possíveis motivos estariam a insatisfação com a ausência na disputa da Champions League. Para a nova temporada, os Diabos Vermelhos apostaram em Erik ten Hag, holandês que fez carreira de sucesso no Ajax, em busca de uma remontada geral no clube.
O jogador também não se apresentou para a pré-temporada, uma excursão da equipe pela Ásia, por motivos familiares. Dias depois, foi oficialmente liberado. Na entrevista de domingo, ele diz que precisou acompanhar a filha recém-nascida, que ficou internada.
Já com o grupo, Ronaldo se envolveu em polêmica ao deixar o Old Trafford antes do apito final de um amistoso de pré-temporada contra o Rayo Vallecano, assim como outros jogadores, como o lateral Diogo Dalot. Na época, Ten Hag minimizou a situação.
Agosto de 2022 – Reserva e novos atritos
No início da nova temporada, a relação começou a azedar de vez. Cristiano foi reserva em cinco dos seis primeiros jogos do clube na Premier League, uma situação que praticamente não havia vivido na carreira após explodir para o futebol.
Antes da entrevista desse domingo, o ápice dos problemas de relação com o técnico aconteceu em outubro, na vitória por 2 a 0 sobre o Tottenham, um dos melhores jogos da equipe no campeonato. Cristiano foi chamado por ten Hag no fim do segundo tempo e se recusou a entrar em campo, deixando o estádio antes do apito final novamente. Acabou suspenso da partida seguinte, contra o Chelsea, e afastado do elenco.
— Depois do que aconteceu contra o Rayo Vallecano, disse a ele que era inaceitável, mas ele não foi o único (a ir embora antes do apito final). Mas isso vale para todos, então, numa segunda vez que acontecesse, haveria consequências. Foi o que o fizemos — afirmou o técnico holandês.
Após o afastamento, Cristiano se manifestou em suas redes sociais, reconheceu a postura errada e falou em “calor do momento”. Acabou reintegrado e passou a ser titular frequente, mas a relação com Ten Hag seguiria abalada.
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