Medicamentos para pressão alta reduzem em até 16% o risco de diabetes, diz estudo

O diabetes afeta cerca de 9% da população mundial, em que apenas no Brasil são 12 milhões de pessoas, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes. Ou seja, a prevalência da doença não para de crescer e atualmente, as principais estratégias para prevenir o diabetes tipo 2 são manter o peso e um estilo de vida saudável. A novidade é que o maior estudo já realizado sobre o assunto indica que a redução da pressão arterial também é uma forma para a prevenção da doença.

Pacientes costumam ter pressão arterial elevada e também um risco alto de desenvolver doença cardiovascular. Por isso, os medicamentos para hipertensão normalmente são indicados para reduzir o risco de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC, em pessoas com diabetes tipo 2.

 

Os pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Bristol, ambas no Reino Unido, chegaram nessa conclusão ao acompanharem mais de 145 mil pessoas que participaram de 19 ensaios clínicos randomizados globais por uma média de cinco anos.

Sendo assim, os resultados mostraram que uma redução de 5 mmHg na pressão arterial sistólica, que é possível de conseguir por meio de medicamentos para pressão arterial ou mudanças no estilo de vida, reduzindo o risco de diabetes tipo 2 em 11%.

Imagem mostra um dedo perfurado, com uma gota de sangue à mostra. Na outra mão, um teste de diabetes
Imagem: Syda Productions/Shutterstock
A segunda análise, os pesquisadores investigaram os efeitos dos cinco principais tipos de medicamentos para pressão arterial através de 22 testes clínicos. Então, a equipe descobriu que os inibidores da enzima conversora da angiotensina (ACE) e os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRAs) tiveram o efeito protetor mais forte, ou seja, reduziram o risco de desenvolver diabetes em 16%.

Além disso, outros tipos de medicamentos para reduzir a pressão arterial não ofereceram proteção, já que os bloqueadores dos canais de cálcio não tiveram efeito sobre o risco de diabetes, enquanto os betabloqueadores e os diuréticos aumentaram o risco da doença.

Isso porque ainda não está claro de que forma a pressão arterial elevada resulta na diabetes tipo 2. Portanto, se acredita que esteja associado a algumas consequências da hipertensão, resistência à insulina, inflamação vascular e a disfunção endotelial, por exemplo, que tendem a preceder a manifestação clínica do diabetes.

“Com base nas evidências acumuladas, incluindo os resultados dessas análises, o controle da pressão arterial, particularmente com a inibição do sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRAA), deve ser considerado uma possível estratégia para reduzir o risco de desenvolver diabetes”, concluíram Matthew A. Cavender e Robert C. Wirka, dois pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte Chapel Hill, através de um editorial que foi publicado junto com o estudo.