Análises de amostras de resíduos de óleo encontrado em praias do Nordeste no fim de agosto sugerem que o incidente envolve petróleo cru, proveniente do descarte de água oleosa lançada ao mar após a lavagem de tanques de navio petroleiro. O caso não teria relação com o derramamento de óleo registrado entre agosto de 2019 e março de 2020.
De acordo com nota divulgada pela Marinha do Brasil, essa conclusão ocorre com base em estudos químicos conduzidos a partir de amostras coletadas nas praias de Pitimbu e Jacarapé (Paraíba); Carro Quebrado (Alagoas); Ondina (Bahia); e Casa Caiada, Cupe, Catuama, Maria Farinha, Rio Doce, Bairro Novo, Milagres, Boa Viagem, Paiva e Quartel (Pernambuco).
“Os biomarcadores, ou indicadores de origem, sugerem tratar-se de petróleo produzido no Golfo do México. Tal origem foi estabelecida a partir da análise das amostras coletadas, especificamente, nas praias de Pernambuco (Boa Viagem, Paiva e Quartel) e Bahia (Ondina)”, diz o comunicado.
Por outro lado, amostras coletadas na praia de Itacimirim e Itapuã, na Bahia, mostraram resultados correlacionáveis com o óleo de 2019. Tal fato, no entanto, não indica tratar-se de um novo derramamento, do mesmo óleo, daquele incidente. As amostras demonstram a existência de resíduos daquele óleo, que permaneceu nas areias das praias, ou fixado em rochas e recifes de coral próximos ao litoral, que se desprenderam por força de ventos mais fortes e de ressacas, que normalmente ocorrem na região, nessa época do ano.
“Verifica-se a complexidade do problema representado pelos derramamentos de óleo no mar, cujo enfrentamento requer vigilância e esforços constantes, os quais vem sendo continuamente empreendidos pela comunidade científica brasileira, em distintos laboratórios do país, juntamente com os órgãos governamentais envolvidos com o tema”, aponta a Marinha.
A nota acrescenta que algumas pelotas de óleo foram encontradas com organismos incrustantes do gênero Lepas. Estes organismos são conhecidos como “cracas” (crustáceos), cuja espécie encontrada vive em águas abertas. De acordo com o tamanho das cracas encontradas, já bem desenvolvidas, pode-se afirmar que essas pelotas de óleo permaneceram mais de duas semanas à deriva no oceano, antes de encalharem na praia.
Portal Correio