Novo técnico do Botafogo-PB, Zago tem carreira marcada por títulos, acessos e episódio de racismo

Recém-anunciado como novo técnico do Botafogo-PB para a disputa da Série C do Brasileiro, Antônio Carlos Zago chega ao Almeidão cercado de expectativa pelo que pode entregar à beira do campo. Aos 55 anos, o paulista de Presidente Prudente é visto como um treinador dentro do perfil desejado pela SAF do clube para liderar o projeto alvinegro. Mas sua trajetória no futebol — ainda como jogador e depois como treinador — é marcada por títulos, passagens por grandes clubes e também por episódios controversos que ainda hoje ecoam.

Zago tem um currículo significativo e indiscutível no mundo do futebol. Como jogador, conquistou títulos importantes por clubes como São Paulo, Palmeiras, Santos e Roma. Foi campeão da Copa América com a Seleção Brasileira em 1999 e integrou times históricos, como o Palmeiras da era Parmalat, onde venceu o Brasileirão em 1993 e 1994, além de ter levantado a taça da Libertadores pelo São Paulo, em 1992.

Como treinador, comandou equipes no Brasil e no exterior. Teve destaque ao levar Juventude e Fortaleza da Série C para a Série B, em 2016 e 2017, respectivamente. No futebol sul-americano, dirigiu Bolívar e The Strongest, na Bolívia — onde também esteve à frente da seleção nacional. Seu último trabalho no Brasil foi pelo Coritiba, em 2023, com desempenho abaixo do esperado: em 12 jogos, acumulou oito derrotas e quatro empates, encerrando a passagem com aproveitamento de apenas 11,1%.

Último título de Antônio Carlos Zago foi pelo Bolívar em 2022 (Foto: EFE/Martin Alipaz)

Caso de racismo contra jogador gremista

A principal mancha de sua carreira aconteceu em 2006, quando defendia o Juventude. Em um clássico contra o Grêmio, foi expulso e, ao deixar o campo, apontou para o próprio braço, gesto que, segundo relatos, foi acompanhado de ofensas racistas ao volante Jeovânio. A injúria resultou em uma suspensão de 120 dias e um processo judicial que exigiu sua apresentação periódica ao fórum por três anos. Posteriormente, Zago admitiu o erro e demonstrou arrependimento público.

Briga com Edmundo no Palmeiras

O temperamento explosivo do ex-zagueiro também causou problemas nos bastidores. No talentoso elenco do Palmeiras dos anos 1990, protagonizou uma briga com o atacante Edmundo, no Morumbi, quando os dois chegaram a trocar agressões físicas nos vestiários, como ele mesmo relatou em entrevista ao UOL.

Paraibano denunciou xenofobia

Outro episódio polêmico aconteceu em 2005, durante uma partida entre Paysandu e Juventude, no Mangueirão. Após marcar um gol, o atacante paraibano Robgol celebrou com “flechadas” em direção à arquibancada, gesto simbólico de resistência. Ele alegou que, no jogo anterior, disputado no Sul, Zago havia feito declarações xenofóbicas, chamando a Amazônia de “terra de índio”.

Paraibano Robgol fez comemoração icônica no Mangueirão, em resposta à Zago (Fernando Araújo/Arquivo O Liberal)

Cusparada em Simeone no clássico de Roma

Nem mesmo sua passagem pela Roma, na Itália, ficou livre de controvérsias. No clássico contra a Lazio, em 1999, Zago se desentendeu com o argentino Diego Simeone, atual técnico do Atlético de Madrid, e acabou cuspindo no rosto do rival após uma discussão com Marcos Assunção. O gesto gerou repercussão e virou até música da torcida romanista: “Zago cospe fogo como um dragão, se quiser passar por ele precisa ser um mago”.

Antônio Carlos Zago cospe em Simeone após confusão no clássico entre Lazio e Roma pelo Campeonato Italiano (Imagem: Reprodução/Youtube)

Conflito com atacante Robert no Palmeiras

Já como treinador, voltou a protagonizar momentos tensos. Em 2010, no comando do Palmeiras, discutiu com o atacante Robert, que teria se atrasado para a reapresentação após uma noitada. “Eu e o Robert não chegamos às vias de fato porque sou o treinador do Palmeiras”, afirmou Zago na ocasião.

Novo desafio no Botafogo-PB

Agora no Botafogo-PB, Zago assume o desafio de liderar o clube na sua décima tentativa consecutiva de acesso à Série B. Chega mais experiente, com uma carreira marcada por mais altos do que baixos — dentro e fora das quatro linhas — e com a missão de virar a página e voltar a se estabelecer no futebol brasileiro.

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