O período de retração na economia brasileira pode servir como oportunidade para o Nubank ganhar mais força no mercado. Pelo menos é o que espera David Velez, o CEO do banco digital — que perdeu recentemente o posto de banco mais valioso da América Latina.
Velez disse em entrevista à Reuters que o volume de empréstimos pode aumentar em 2022, já que os consumidores brasileiros lutam com a inflação nas alturas e o aumento das taxas de juros para conseguir fechar o orçamento.
“Podemos ter realmente uma oportunidade de acelerar e conquistar ainda mais participação de mercado e deixar as taxas de juros mais baixas para tornar nossos produtos competitivos”, comentou o executivo.
Em meio ao período de crise, a ampliação dos serviços de crédito no Nubank é observada pelos analistas como ponto-chave para a manutenção do crescimento da fintech. Como contexto, o Nubank ainda capta menos de R$ 200 em receita anual por cliente ativo, enquanto o Itaú, por exemplo, recebe mais de R$ 1,2 mil.
Dentre os produtos mais rentáveis para bancos, estão justamente os empréstimos consignados e pessoais, indicam os especialistas do Morgan Stanley.
Por ora, o Nubank busca formas de oferecer crédito consignado e também planeja expandir suas linhas de crédito por meio de sua parceira Creditas. Outro canal para aumentar a receita é oferecer aos clientes mais produtos de investimento através da corretora Nu Invest, que surgiu da aquisição da Easynvest em 2020.
Com uma base de 48 milhões de clientes, o Nubank estreou na bolsa há menos de dois meses, chegando a ultrapassar uma capitalização de US$ 50 bilhões, além de levantar US$ 2,6 bilhões com o IPO.
Agência física do Nubank?
Defensor dos bancos totalmente digitais, Velez também não descarta algum tipo de presença física do Nubank no futuro. “Se quisermos avançar em determinados segmentos, talvez precisemos considerar ter algum tipo de presença offline para poder atender melhor nossos clientes”, disse, citando especialmente aqueles com renda mais elevada.
A fintech pode até considerar uma parceria com um banco físico, acrescentou. “Ficaríamos muito felizes em fazer parceria com qualquer um dos grandes bancos tradicionais”.
No curto prazo, o banco digital se prepara para expandir sua operação no México ainda este ano, país com menos concorrência no setor financeiro que o Brasil. Por lá, o Nubank já é considerado o maior emissor de cartões de crédito do país, com 760 mil clientes. Já os planos de expansão na Colômbia, terra natal de Vélez, ainda estão nos estágios iniciais.
Via: Reuters