O Brasil já teve 76 assassinatos políticos neste ano eleitoral

As disputas municipais deste ano estão sendo marcadas pelas lives, pelas restrições impostas pela pandemia da covid-19 e por uma velha tradição brasileira. De janeiro até agora, 76 brasileiros foram assassinados por motivações políticas. Monitoramento feito pelo Estadão revela que pelo menos 16 deles eram pré-candidatos e candidatos a vereador e dois disputavam o cargo de prefeito. O número ultrapassa a média de 52 mortes políticas nos dez processos de eleições municipais do atual período democrático – em 1985, ocorreram disputas para apenas 201 prefeituras, incluindo as capitais.

Antes do avanço da covid-19, já havia uma tendência de elevado número de mortes políticas em 2020. Isso porque, no ano passado, 44 pessoas foram assassinadas em decorrência das discussões de poder, uma prévia do drama do ano eleitoral. Esse número ultrapassou os 37 registros de 2015, período anterior ao processo de maior índice de homicídios políticos.

Uma live transmitida numa rua do centro de Patrocínio, também em Minas, resultou em outra tragédia. Em setembro, o candidato a vereador Cássio Remis, 37 anos, do PSDB, foi morto a tiros por João Marra, secretário de Obras e irmão do prefeito Deiró Marra, do DEM. A família era acusada pelo tucano de usar máquinas da prefeitura em fazenda particular. Em entrevista coletiva, o prefeito anunciou que manteria a campanha à reeleição. Ele ressaltou que não podia ser responsabilizado pelo ato de João, que está preso. “Isso aqui não tem nada a ver com a campanha. Foi uma tragédia. Eu me enluto com a família. É um fato que fatalmente pode acontecer com qualquer um, qualquer cidadão”, afirmou.

Redação com Agência Estado