A cantora Paulinha Abelha, vocalista do Calcinha Preta, que morreu nesta quarta-feira (23), terá dois velórios que serão abertos aos fãs Sergipe. As informações foram divulgadas por Silvânia Aquino, também cantora do grupo do forró, na madrugada desta quinta-feira (24), em seu Instagram.
“O velório será liberado para visitação dos fãs a partir das 7h de amanhã, quinta-feira (24), no Ginásio Constância Vieira (Aracaju/Sergipe) e das 9h às 14h, sexta-feira (25), no Ginásio de Esportes José Maria (Simão Dias/Sergipe). O sepultamento contará apenas com a presença dos familiares”, anunciou Silvânia. Mais cedo, a equipe do Calcinha Preta havia divulgado apenas o primeiro velório, que acontece nesta quinta (24).
As informações da morte de Paulinha foram confirmadas pelo Hospital Primavera, em que ela estava internada em coma profundo, devido a problemas renais.
Segundo comunicado, Paulinha morreu às 19h26 “em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico”. O hospital informou ainda que a cantora teve uma série piora no quadro neurológico nas últimas 24 horas, o que deu início ao protocolo do diagnóstico da morte encefálica.
“NOTA DE FALECIMENTO
O Hospital Primavera comunica, com pesar, que a cantora, Paula de Menezes Nascimento Leca Viana, Paulinha Abelha, faleceu hoje às 19h26 em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico.
Nas últimas 24 horas apresentou importante agravamento de lesões neurológicas, constatadas em ressonância magnética, e associada a coma profundo. Foi então iniciado protocolo diagnóstico de morte encefálica, que confirmou hipótese após exames clínicos e complementar específicos.
Ela estava internada no Hospital Primavera desde o dia 17 de fevereiro, sob os cuidados das equipes médicas de terapia intensiva, neurologia e infectologia.”
HOMENAGENS
Logo após a notícia da morte, o perfil oficial de Paulinha publicou um texto de despedindo da cantora.
“É com profunda tristeza que comunicamos que a nossa querida Paulinha Abelha nos deixou e partiu para o outro plano. Com certeza já está nos braços do Pai. Nenhuma palavra será suficiente para expressar o sentimento de imensurável de dor pela perda deste ser de luz. Muita honra para todos nós termos compartilhado a vida, a arte, a voz, a alegria, a amizade, o sorriso…
Tantos momentos que ficarão na lembrança de cada um de nós. Vá em paz! Paulinha respirava a sua família, a arte e cultura, os fãs, o palco… Ela era tão leve, que o seu pouso nesta existência foi breve. Mas o suficiente para polinizar amor e paz em abundância.
Foram 30 anos de carreira profissional e mais de duas décadas dedicadas a banda Calcinha Preta. E será eterna a sua colaboração na nossa música, na nossa vida. Paulinha fechou as cortinas aqui na Terra, hoje, para ir falar de música e amor lá no Céu. Por uma eternidade vamos lembrar desta doce criatura!”
INTERNAÇÃO
Hospitalizada desde o dia 11 de fevereiro, em Aracaju, Paulinha foi diagnosticada com problemas renais logo depois de chegar de uma turnê que fazia com o grupo, em São Paulo. A causa, no entanto, não havia sido divulgada. O fígado foi outro órgão afetado com uma infecção, contornada a tempo.
Três dias depois, o quadro se agravou e ela foi encaminhada para a UTI, onde começou a fazer diálise, procedimento que remove substâncias tóxicas do organismo, fazendo o papel dos rins. No dia 17 de fevereiro, Paulinha teve uma piora clínica no quadro e entrou em coma. Em virtude desses problemas renais, ela desenvolveu um quadro neurológico grave e passou a respirar com a ajuda de ventilação mecânica.
Paulinha se tornou integrante da Calcinha Preta em 1998. Ela havia se desligado da banda duas vezes para focar em outros projetos, mas retornou e, desde 2018, permanecia no grupo de forró.
COLETIVA COM OS MÉDICOS
A equipe médica do Hospital Primavera, formada pelo neurologista Marcos Aurélio Alves, o diretor técnico Ricardo Leite e o intensivista André Luis Veiga, falou sobre a cantora durante coletiva realizada na tarde de terça-feira (22)
“Ela está em coma profundo, mas em nenhum momento falamos de morte encefálica. Ela está coma, e não morta, há uma injúria encefálica, mas isso é uma condição potencialmente reversível, não existe irreversibilidade. Sobre o prognóstico, como ela vai conseguir estabilizar essa parte neurológica, vamos ter que analisar”, afirmou Marcos Aurélio.
O neurologista explicou que, na escala Glasgow, criada em 1974 e usada por médicos para entender o nível de consciência do paciente e sua gravidade, Paulinha está no 3 (a escala vai de 3 a 15). “Aqui, nesta sala, estamos no nível 15, que é o mais alto”, disse ele, aos jornalistas. “A pergunta que fazemos é: ‘quais etiologias justificam uma pessoa estar nesta escala, com a nota 3?’ É um rebaixamento sensorial severo”, afirmou, confirmando que novos exames serão feitos. No caso da cantora, em coma profundo, ela não apresenta resposta aos estímulos externos nem sensoriais.
Os médicos ainda desmentiram a informação de que a cantora teria tido uma bactéria no cérebro. “Ela não tem nenhuma bactéria, isso é fake. O que ela tem é uma encefalopatia severa, um dano real, tem um dano hepático e por último, um dano cerebral”, explicou Ricardo.
Questionados se o quadro de Paulinha teria sido provocado pelo uso de diuréticos ou possíveis remédios para fins estéticos, os médicos esclareceram que, em exames feitos anteriormente, não há comprovação de lesões. “Não tem nenhum exame que diga, ou que vá no caminho de que ela teria uma lesão prévia, sido provocada pelo uso abusivo ou rotineiro dessas substâncias. Queremos deixar claro que quando Paula fez o uso dessas substâncias, foi em caráter supervisionado. A gente trabalha sim com a possibilidade de uma intoxicação medicamentosa, mas isso só será confirmado em novos exames”, afirmou a equipe.
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