Apesar de toda a expectativa positiva ao redor da implantação do 5G no mundo, há alguns desafios que rondam a tecnologia, principalmente no que diz respeito ao mundo dos negócios. Afinal, até o momento há poucas empresas que realmente oferecem as inovações prometidas pelo 5G, com dispositivos inteligentes, data centers e redes celulares privadas.
Isso porque há dois tipos de versões da tecnologia: uma que permite velocidade mais rápida nos downloads em conexões sem fio, que já faz parte da realidade de mais de 520 milhões usuários, e outra que pretende criar uma safra de indústrias conectadas na internet, explorando as inovações desde máquinas autônomas até sistemas inteligentes de monitoramento. Tudo por meio da IoT, internet das coisas, que é aguardada como mais uma revolução em vários setores da sociedade.
No entanto, o tão esperado divisor de águas prometido pelo 5G ainda não decolou, principalmente nos países menos desenvolvidos. Eis alguns motivos que explicam essa demora na implantação e na conquista dos clientes.
Custo elevado
A diferença de valor para usufruir a tecnologia em comparação ao 4G tem sido um limitador no momento de captar clientes.
Dessa maneira, muitas empresas que desejam lucrar com os investimentos no 5G já perceberam que os usuários de smartphones ainda estão receosos quanto às vantagens da tecnologia.
Ainda falta mais divulgação e também apresentação de dados concretos e situações práticas sobre os aspectos positivos do 5G, com foco na captação de novos usuários.
Infraestrutura deficitária
Mesmo com os elevados investimentos das empresas de telecomunicações em equipamentos e licenças, muitos smartphones ainda não exploram todas as potencialidades do 5G, o que faz o 4G resolver as principais demandas, como a exibição de vídeos.
Já o 5G tem como vantagem o streaming contínuo, com qualidade maior. Mas tudo isso é desperdiçado em razão das telas pequenas dos aparelhos, que nem chegam a exibir todos os recursos do ultra-HD.
Por isso, muitas operadoras de telefonia celular, como Verizon Communications Inc. e T-Mobile US Inc. exploraram o fornecimento do 5G em áreas onde havia menos concorrência por novos usuários, tendo em vista que o 4G ainda domina as conexões.
Para enfrentar esse desafio, muitas companhias estão oferecendo combos de 5G com acesso a assinaturas de streaming, como Disney+. Tudo para captar clientes que ainda estão pouco animados com os valores cobrados.
“As pessoas querem velocidades mais rápidas, sem dúvida, mas não se importam que seja 5G porque não há um aplicativo específico para isso”, diz Roger Entner, chefe da Recon Analytics.
Poucos dispositivos no mercado
A produção de sensores digitais conectados por Wi-Fi ainda não atende a demanda que anseia pela transformação por meio da Internet das Coisas, como fazendas, fábricas e transporte de redes.
A falta de habilitação para 5G é outro desafio enfrentado pelas empresas de telecomunicações, pois são necessárias reformulações em toda a linha produtiva, pois os robôs e outros equipamentos não estão adaptados para essa nova tecnologia, o que necessitará de inúmeros ajustes.
Dificuldades técnicas na aplicabilidade
Além da falta de dispositivos, há limites tecnológicos para que as empresas aproveitem na integralidade os recursos do 5G. As redes precisam de baixa latência, o que impacta em modificações técnicas em vários locais.
A capacidade de resposta de uma rede 5G, medida em milissegundos, também depende da distância física que uma informação precisa percorrer antes de ser processada.
Isso significa que aplicativos de baixa latência, como videogames e headsets de realidade aumentada, podem acabar confinados a áreas urbanas onde as empresas fizeram os investimentos necessários.
Data centers em miniatura na base de cada torre de celular seriam “utopia” para desenvolvedores de software 5G, o que demandará novos investimentos.
Apesar da apatia e dos atrasos, dos altos custos e do baixo retorno até agora, muitas empresas de telecomunicações continuam otimistas.
A Verizon, por exemplo, acredita que o 5G impactará em um considerável crescimento da companhia nos próximos anos, tendo a Ford como potencial cliente na linha de produção de caminhões elétricos.
Assim, apesar de todos os desafios, o 5G está colhendo experiências ao longo dos anos para se consolidar, definitivamente, no mercado mundial.
Via: The Wall Street Journal
Olhar Digital