Primeira neurocirurgia robótica da América Latina é realizada em Porto Alegre

No dia 10 de agosto, o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, executou a primeira neurocirurgia robótica da América Latina.

O procedimento foi realizado em um paciente que possuía dores na coluna lombar com expansão para as extremidades inferiores e sem sucesso com tratamentos clínicos anteriores.

O paciente, um homem de 65 anos, foi operado pela equipe dos neurocirurgiões Arthur Pereira Filha e Nelson Pereira Filha.

O Hospital Moinhos de Vento foi criado em 1927 e é o único hospital brasileiro filiado à Johns Hopkins Medicine International. Também é um dos seis de excelência do Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, o hospital também foi considerado um dos melhores do Brasil pelas revistas Newsweek e América Economia.

O procedimento feito foi a artrodese da coluna lombar, que consiste no implante de parafusos pediculares para estabilizar duas ou mais vértebras instáveis ​​da coluna. Ao fazer isso, a equipe usou uma tecnologia inovadora: o braço robótico Cirq, da Brainlab.

A Brainlab é uma empresa alemã com foco em cirurgia assistida por computador. É o único dispositivo aprovado para uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e atua junto com os sistemas de navegação cirúrgica Curve, do mesmo fornecedor.

O sistema garante que o cirurgião planeje o procedimento no pré-operatório, incluindo as incisões necessárias e trajetórias do implante para ampliar o resultado cirúrgico. Durante a cirurgia, o braço robótico melhora a precisão do fluxo da cirurgia. Isso garante que os milímetros da trajetória planejada anteriormente sejam executados.

“Antes da cirurgia começar, é possível definir com precisão as dimensões e o posicionamento dos parafusos que serão implantados no paciente”, explica o médico Arthur Pereira Filho.

A Artrodese da coluna lombar é um procedimento que pretende reparar fraturas construídas por lesões ou doenças (osteoporose ou doenças oncológicas), além de anomalias causadas por tumores, doenças degenerativas da coluna (desgaste articular, hérnia de disco), doenças congênitas (como a escoliose) e outras. Os implantes podem ser feitos em três tipos de cirurgia: convencional, navegada e robótica.

Primeira neurocirurgia robótica da América Latina é realizada em Porto Alegre

Entenda um pouco mais sobre a Neurocirurgia Robótica

A navegação assistida por computador e os sistemas de orientação robótica estão sendo cada vez mais usados ​​em cirurgia da coluna vertebral em todo o mundo. Pesquisas comprovam que a colocação robótica de parafusos alcança maior precisão, menor exposição à radiação e menos complicações.

“Há cerca de 15 anos, o Hospital Moinhos de Vento utiliza o neuronavegador em cirurgias. No entanto, é a primeira vez que uma equipe cirúrgica usa também um braço robótico”, afirma Dr. Arthur. O Cirq foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), a agência regulatória dos Estados Unidos, em 2019. Naquele país foram registradas 3,6 milhões de cirurgias de coluna entre 2001 e 2010, com prevalência crescente a cada ano.

Várias pesquisas constatam a eficácia dos sistemas robóticos da Brainlab. Em 2021, médicos da Universidade de Marburg, na Alemanha, prepararam uma análise publicada no Journal of Clinical Medicine, evidenciando os resultados de 13 cirurgias para implantar 70 parafusos com o braço robótico Cirq em 12 pacientes, com 67 anos de idade, que apresentavam várias doenças – espondilodiscite, metástases, fratura osteoporótica e estenose do canal vertebral.

O tempo médio de implante de cada parafuso ficou entre 6 e 8 minutos. Os autores consideram que não houve déficit perioperatório, ou seja, o período entre a decisão de operar e alta hospitalar do paciente.

O CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, destacou que a recente visita à Alemanha foi exatamente para experimentar novas tecnologias utilizadas nas instituições hospitalares e esse aparelho foi conhecido durante a viagem.

“A medicina cada vez mais conta com esses avanços que refletem diretamente em melhores tratamentos e resultados aos pacientes. A instituição está alinhada com essa nova realidade e tem investido em equipamentos de última geração com o propósito de cuidar das pessoas”, declarou.

Vinicius Dessoy Maciel, presidente da Brainlab para a América Latina, destaca que além de ser o único hospital que utilizou essa tecnologia no país até hoje, o Moinhos de Vento é uma organização de saúde que reúne condições tecnológicos e humanas extremamente favoráveis ​​para sua adoção na rotina cirúrgica.

“O Hospital Moinhos de Vento já é pioneiro na cirurgia robótica,  e este é mais um marco para a instituição em termos de inovação e tecnologia para benefício dos pacientes. Esse será um novo passo para colocar em prática um sonho da direção e da equipe médica que é de fazer um centro robótico que engloba procedimentos em várias especialidades”, comenta Arthur Pereira Filho.

O braço robótico Cirq amplia o parque tecnológico do Hospital Moinhos de Vento. O Núcleo de Cirurgia Robótica da instituição já conta com soluções robóticas como o Rosa Knee e o Da Vinci, que evidencia a excelência para a realização de procedimentos, além da segurança e precisão para a equipe médica e para o paciente.

Primeira neurocirurgia robótica da América Latina é realizada em Porto Alegre

Investimentos para a Neurologia

O Hospital Moinhos de Vento investiu R$ 7,6 milhões para adquirir os equipamentos ZEISS KINEVO 900 e o serviço de navegação Brainlab Curve. Os novos instrumentos permitem resultados mais eficazes, pois facilitam o controle do cirurgião, com uma micro-inspeção da área e visualização por realidade aumentada.

Esse serviço de visualização utiliza mais de 100 novos recursos e os aparelhos serão usados principalmente em cirurgias de tumores do sistema nervoso, mas também em casos de aneurismas cerebrais, malformações arteriovenosas, biópsias cerebrais, artrodese da coluna vertebral e quaisquer outros procedimentos que requeiram manipulações microcirúrgicas ou localização precisa de estruturas anatômicas.

De acordo com a chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, Sheila Martins, a nova tecnologia é muito importante para oferecer a melhor experiência aos pacientes e também para garantir ferramentas de ponta aos especialistas.

“Estamos trabalhando para disponibilizar o que há de melhor em termos de inovação e recursos aos médicos. Não deixamos nada a desejar na comparação com os melhores centros de saúde do mundo. A instituição conta com profissionais de excelência e eles têm a oportunidade de oferecer aos seus pacientes os melhores desfechos, segurança e qualidade na realização dos procedimentos”, informa a neurologista.

O investimento em novas tecnologias no Hospital Moinhos de Vento é um processo constante. Recentemente, foram aplicados outros R$ 10 milhões em novos sistemas e aparelhos de endoscopia, do modelo Eluxeo, que conta com tecnologia de Inteligência Artificial CAD EYE. No último ano, também foram investidos mais de R$ 14 milhões em equipamentos de ressonância magnética de última geração.

olhardigital