É perceptível uma mudança de paradigma na forma como as pessoas têm lidado com as pressões do dia a dia de trabalho, estudos e em casa. Especialmente em jovens da geração Z, composta por gente nascida entre a metade dos anos 1990 e 2010, que têm cada vez mais contrariado o ritmo acelerado do cotidiano ao buscar desfrutar o ócio em detrimento da produção. Mas, isso pode revelar uma tendência mais preocupante: a procrastinação.
O ato de procrastinar designa uma característica relacionada ao indivíduo que retarda suas atividades, por uma redução em seu ato de vontade. “Ou seja, eu desejo fazer, mas não tenho vontade e disposição para tal”, explica o médico psiquiatra e professor do curso de Medicina do Unipê José Brasileiro.
O autocuidado está entre as justificativas para esse público estar fazendo isso. Mas, segundo Brasileiro, o fato está mais ligado a outros pontos que não só a procrastinação, inclusive alheios a identidade do indivíduo. Ficar na cama, por exemplo, sem fazer nada ou passando tempo comendo e mexendo no celular, não deve ser entendido como autocuidado, diz o médico.
“Não ajuda porque os problemas não irão se resolver sozinhos, é importante confrontá-los e tentar resolvê-los. O processo da tentativa de resolução do problema também é terapêutico. O hábito de enfrentar o problema sempre deve ser aplicado”, justifica o psiquiatra.
As consequências da procrastinação levando em conta esse contexto são várias, atingindo as áreas biológica, social e afetiva das pessoas, com prejuízo em todas as esferas e podendo gerar doenças. Um exemplo é ciclo biológico que regula uma variedade de processos fisiológicas: ele pode ser afetado com o surgimento de alterações fisiopatológicas que culminam em doenças mentais e físicas, como depressão, ansiedade e desorganização mental.
Para vencer a barreira que impõe a vontade de permanecer inerte, José Brasileiro recomenda a busca por profissionais de saúde e o apoio entre amigos e familiares. “É necessário identificar se o quadro é decorrente de um transtorno mental ou não. Caso se identifique um transtorno, é importante uma abordagem psicoterápica e medicamentos. Caso não se identifique qual a motivação, deve buscá-la e enfrentá-la”, pontua.
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