STF: mais um ministro vota a favor de mudança no funcionamento das redes sociais no Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (11), às 10hrs, o julgamento sobre a responsabilização das redes sociais por postagens ilegais feitas por usuários no Brasil. A volta da sessão foi marcada pela argumentação do ministro Flávio Dino a favor da responsabilização.

O julgamento havia sido suspenso na semana passada, após voto do ministro André Mendonça contra a responsabilização direta das big techs responsáveis pelas plataformas. Agora, Dino deixa o placar em 4×1, a favor.

A Corte analisa a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet, norma que estabelece os direitos e deveres para o uso da internet no Brasil. Até o momento, cinco ministros já proferiam seus votos sobre a questão. Não há prazo para a finalização das discussões.

Ministro da Justiça, Flávio Dino, durante entrevista
Retomada do julgamento aconteceu com voto do ministro Flávio Dino (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

STF retoma julgamento com voto de Flávio Dino

Após as sessões da semana passada, que terminaram com o voto de Mendonça, o julgamento foi retomado com a argumentação do ministro Flávio Dino. Ele terminou de votar pouco após às 13h (horário de Brasília), depois de uma pausa dos ministros para o almoço.

Dino votou a favor da responsabilização das redes sociais pelos conteúdos publicados pelos usuários. Para ele, o “provedor de aplicações de internet pode ser responsabilizado por danos decorrentes de conteúdos de terceiros”.

O ministro ainda destacou a necessidade de cuidado com “uma espécie de minimização da mentira” e que nem tudo é questão de opinião (se referindo as crimes de opinião na internet, que atualmente só são excluídos mediante ordem judicial específica). Ele ainda afirmou que “responsabilidade não impede a liberdade”.

Para sustentar a argumentação, Dino se referiu a casos de ataques a escolas e crimes contra crianças e adolescentes realizados nas redes sociais. Além disso, ele defende que as plataformas têm o dever de evitar a criação de perfis falsos e que as obrigações impostas sejam monitoradas pela Procuradoria Geral da República, até a criação de uma lei próprio sobre isso.

O próximo ministro a votar será Cristiano Zanin, ainda nesta tarde.

Estátua na frente do STF
Discussões foram suspensas na semana passada, após voto de Mendonça IImagem: Diego Grandi – Shutterstock)

Como está o julgamento sobre responsabilização das redes sociais

A sessão do STF havia sido interrompida em dezembro do ano passado, após voto de três ministros: Dias Toffoli, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. Os três votaram a favor da responsabilização direta das redes sociais pelos conteúdos ilegais publicados por usuários, sem necessidade de ordem judicial específica.

Na quarta-feira passada, 4 de junho, a Corte retomou o julgamento com o voto de André Mendonça. Ele terminou a argumentação e proferiu o voto apenas na quinta-feira, 5 de junho.

Olhar Digital deu os detalhes sobre o caso aqui. Em sua argumentação, Mendonça defendeu que mensagens privadas e transmitidas entre familiares devem ser excluídas da análise da responsabilização (ou seja, o WhatsApp não seria incluído nessas plataformas) e que o conteúdo impulsionado não pode ter o mesmo peso de responsabilização dada a uma informação específica que um usuário conseguiu por meio de uma busca ativa.

O ministrou concluiu que, em casos de crime de opinião nas redes sociais, não se pode responsabilizar diretamente a plataforma sem prévia decisão judicial. Para ele, a responsabilização deve acontecer caso haja descumprimento dos deveres que a legislação impõe. Ou seja, ele não discorda do que o Artigo 19 do Marco Civil da Internet já impõe e votou de forma contrária à responsabilização direta.

Em resumo: Toffoli, Fux, Barroso e Dino votaram a favor da responsabilização direta das redes, sem necessidade de ordem judicial. Mendonça votou contra.

Ícones de algumas redes socais em um celular
Depois de Dino, seis ministros ainda precisarão votar (Imagem: miss.cabul/Shutterstock)

Como funciona a responsabilização das redes sociais atualmente?

  • A votação em andamento no STF versa sobre a validade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet;
  • Atualmente, as redes sociais só podem ser responsabilizadas por danos ocasionados por atos ilícitos dos usuários (como crimes de opinião) mediante ordem judicial prévia e específica de excluir conteúdos;
  • Toffoli, Fux, Barroso e Dino discordaram sobre a exigência de ordem judicial. Eles são a favor da responsabilização direta das big techs pelas publicações de usuários, sem necessidade de ordem judicial.
Olhar Digital