Vereador e grupo de advogados paraibanos defendem padre investigado por intolerância religiosa após citação a Preta Gil

O vereador Alexandre do Sindicato foi o único parlamentar de Campina Grande a se posicionar publicamente em defesa do padre Danilo César, da Paróquia de São José, no município de Areial. O religioso está sendo investigado declarações feitas durante uma homilia no último domingo (27), quando citou a morte da cantora Preta Gil de forma pejorativa ao criticar religiões de matriz africana.

Além disso, o Grupo de Advogados Católicos de Campina Grande divulgou uma nota de repúdio garantindo “apoio irrestrito” ao padre Danilo César. De acordo com eles, “os ataques e acusações se baseiam em recorte descontextualizado da homilia, voltada exclusivasamente a fieis catóilicos, em que se expressam convicções próprias da fé professada”

As falas do padre motivaram a formalização de um boletim de ocorrência por parte de representantes dessas religiões, e o caso agora está sob análise das autoridades policiais e do Ministério Público.

Durante a sessão da Câmara Municipal realizada nesta quarta-feira (30), vários vereadores criticaram duramente o sacerdote, chegando a pedir providências da Diocese de Campina Grande. Até mesmo parlamentares católicos se somaram aos apelos por responsabilização. Outros preferiram não se manifestar. Somente Alexandre do Sindicato saiu em defesa do religioso.

Para o vereador, o padre exerceu um direito assegurado pela Constituição Federal, que seria a liberdade de expressão religiosa, sobretudo dentro do espaço de culto.

“Como um padre não pode, dentro da sua paróquia, expressar sua doutrina, sua crença? É absurdo querer acusar o religioso de discurso de ódio. Ele estava pregando dentro das dependências de um templo religioso católico, falando para católicos, portanto, protegido pela lei e a doutrina jurídica. Essa tentativa de criminalizar o que ele disse, tentar calar sua manifestação, é totalmente inaceitável”, afirmou Alexandre.

Segundo o parlamentar, o padre não incentivou qualquer tipo de violência ou preconceito contra praticantes de outras religiões, apenas reafirmou os dogmas da Igreja Católica.

A Diocese de Campina Grande também se manifestou oficialmente sobre o caso, afirmando, em nota, que “reitera seu compromisso com os direitos constitucionais da liberdade de crença e de culto, da igualdade e não discriminação religiosa, do direito à honra e à imagem dos mortos e do princípio da dignidade da pessoa humana”.

O episódio segue repercutindo em diversos meios religiosos e jurídicos, reacendendo o debate sobre os limites entre a liberdade religiosa e o respeito às crenças alheias.

Portal Correio